quinta-feira, 30 de julho de 2015

MANAUS - Celas de 'luxo' com freezer e churrasqueira são para encontro íntimo

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), afirmou na tarde desta quarta-feira (29) que as celas do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) que possuem piso cerâmico, colchão, eletrodomésticos, além de frigobar e estoque de alimentos são utilizadas para encontros íntimos de presos da unidade. A secretaria diz que o local tem autorização da Vara de Execuções Penais para receber a decoração. A secretaria não informou quando e nem como o local foi construído e qual o motivo do lugar "destinado a encontro íntimo" possuir estoque de alimentos e churrasqueira. A situação foi constatada durante operação do Exército e da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM). Em março do ano passado, no mesmo presídio, havia sido encontrada uma outra cela com estrutura semelhante, onde ficava o líder de uma facção criminosa do estado. "[As celas especiais] são devidamente autorizadas pelo juiz da Vara de Execução Penal, Luis Carlos Valois. Essas celas estão assim há mais de três anos. É autorizado por ele considerar, principalmente, ali no fechado, que é residência dos presos, que o único direito que eles perderam foi de ir e vir, não perderam a dignidade".

Eletrodomésticos, frigobar e estoque de alimentos foram encontrados em cela de presídio  (Foto: Divulgação/SSP-AM)
Eletrodomésticos, frigobar e estoque de alimentos foram encontrados em cela de presídio

O secretário negou que haja favorecimento de presos no presídio - "Não existe seleção para quem vai morar em cada cela, agora o "motel" é visita íntima, e por que são feitas essas melhorias - Porque as famílias também frequentam lá e você manter relação sexual em cima do cimento é diferente do que você manter relação sexual em uma área mais confortável. Ventilador todas as celas têm, água gelada tem que ter porque nesse nosso clima os senhores imaginem uma unidade que era pra ter 400 presos ter 1,2 mil tomando água de torneira seria até desumano". A revista realizada na unidade encontrou, drogas, armas, além de teresas - corda feita com panos - dentro das celas do Compaj. A Seap mantém fiscalizações de rotina com o intuito de combater a presença de objetos proibidos nas cadeias e que investiga se servidores facilitaram a entrada desses objetos na unidade. Mais de 300 funcionários da empresa terceirizada, que teriam facilitado a entrada de objetos, foram demitidos no período de dois anos. Em março de 2014, a existência de uma cela diferenciada e com estrutura de "luxo" no Compaj havia sido descoberta. A suspeita era de que o local e as regalias eram utilizados pelo narcotraficante e líder de uma facção criminosa do Amazonas, João Pinto Carioca, conhecido como "João Branco". O narcotraficante conseguiu fugir do Compaj em março de 2014 e continua foragido. O diretor da unidade prisional foi exonerado na época.

Foto divulgada pela SSP mostra cela com estoque de alimentos (Foto: SSP/Divulgação)
Foto divulgada pela SSP mostra cela com estoque de alimentos

Operação - A operação "Varredura" realizada no Compaj contou com apoio de equipamentos detectores de metal, que tinham sido utilizados em missões no Haiti e em operações de ocupação do complexo de favelas da Maré no Rio de Janeiro. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), 40 homens do Exército e 122 policiais da Tropa de Choque e Força Tática participaram da operação. Segundo o Exército, são usados dez aparelhos durante a operação. Eles chegaram a Manaus no domingo (26). Os detectores já foram usados em áreas de conflito. Está é a primeira vez que são utilizados na capital amazonense.

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