A Secretaria de Estado de
Administração Penitenciária (Seap), afirmou na tarde desta quarta-feira (29)
que as celas do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) que possuem piso
cerâmico, colchão, eletrodomésticos, além de frigobar e estoque de alimentos
são utilizadas para encontros íntimos de presos da unidade. A secretaria diz
que o local tem autorização da Vara de Execuções Penais para receber a
decoração. A secretaria não informou quando e nem como o local foi construído e
qual o motivo do lugar "destinado a encontro íntimo" possuir estoque
de alimentos e churrasqueira. A situação foi constatada durante operação do
Exército e da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM). Em março do
ano passado, no mesmo presídio, havia sido encontrada uma outra cela com
estrutura semelhante, onde ficava o líder de uma facção criminosa do estado. "[As
celas especiais] são devidamente autorizadas pelo juiz da Vara de Execução
Penal, Luis Carlos Valois. Essas celas estão assim há mais de três anos. É
autorizado por ele considerar, principalmente, ali no fechado, que é residência
dos presos, que o único direito que eles perderam foi de ir e vir, não perderam
a dignidade".
Eletrodomésticos,
frigobar e estoque de alimentos foram encontrados em cela de presídio
O secretário negou que haja favorecimento
de presos no presídio - "Não existe seleção para quem vai morar em cada
cela, agora o "motel" é visita íntima, e por que são feitas essas
melhorias - Porque as famílias também frequentam lá e você manter relação
sexual em cima do cimento é diferente do que você manter relação sexual em uma
área mais confortável. Ventilador todas as celas têm, água gelada tem que ter
porque nesse nosso clima os senhores imaginem uma unidade que era pra ter 400
presos ter 1,2 mil tomando água de torneira seria até desumano". A revista
realizada na unidade encontrou, drogas, armas, além de teresas - corda feita
com panos - dentro das celas do Compaj. A Seap mantém fiscalizações de rotina
com o intuito de combater a presença de objetos proibidos nas cadeias e que
investiga se servidores facilitaram a entrada desses objetos na unidade. Mais
de 300 funcionários da empresa terceirizada, que teriam facilitado a entrada de
objetos, foram demitidos no período de dois anos. Em março de 2014, a
existência de uma cela diferenciada e com estrutura de "luxo" no
Compaj havia sido descoberta. A suspeita era de que o local e as regalias eram
utilizados pelo narcotraficante e líder de uma facção criminosa do Amazonas,
João Pinto Carioca, conhecido como "João Branco". O narcotraficante
conseguiu fugir do Compaj em março de 2014 e continua foragido. O diretor da
unidade prisional foi exonerado na época.
Foto divulgada pela
SSP mostra cela com estoque de alimentos
Operação - A operação
"Varredura" realizada no Compaj contou com apoio de equipamentos detectores
de metal, que tinham sido utilizados em missões no Haiti e em operações de
ocupação do complexo de favelas da Maré no Rio de Janeiro. Segundo informações
da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), 40 homens do Exército e 122
policiais da Tropa de Choque e Força Tática participaram da operação. Segundo o
Exército, são usados dez aparelhos durante a operação. Eles chegaram a Manaus
no domingo (26). Os detectores já foram usados em áreas de conflito. Está é a
primeira vez que são utilizados na capital amazonense.
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