Os donos do frigorífico JBS,
Joesley e Wesley Batista, disseram em delação à Procuradoria-Geral da República
(PGR) que gravaram o presidente Michel Temer dando aval para comprar o silêncio
do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), depois que ele foi preso na operação Lava Jato.
Ainda não há informação sobre se
a delação foi homologada. O Supremo Tribunal Federal (STF) não se pronunciou
nesta quarta-feira (17) sobre a delação. Isso é importante porque a partir da
homologação se pode levantar o sigilo e, com isso, se confirmar a fala do
presidente. A TV Globo apurou que participantes da investigação confirmaram que
tudo que O Globo publicou é verdade.
Segundo o jornal, o empresário
Joesley entregou uma gravação feita em 7 de março deste ano em que Temer indica
o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para resolver assuntos da J&F,
uma holding que controla o frigorífico JBS no Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (Cade).
Rocha Loures já foi chefe de
Relações Institucionais da Presidência, quando Temer era vice-presidente e
assessor especial da presidência após o impeachment de Dilma Rousseff.
A reportagem relata que o dono da
JBS marcou um encontro com Rocha Loures em Brasília e contou o que precisava no
Cade. Pelo serviço, segundo 'O Globo', Joesley ofereceu propina de 5% e Rocha
Lores deu o aval.
As negociações teriam continuado
em outra reunião, entre Rocha Loures e Ricardo Saud, diretor da JBS. Foi combinado
o pagamento de R$ 500 mil semanais por 20 anos, R$ 480 milhões ao longo de duas
décadas. Posteriormente, Rocha Lourdes foi filmado recebendo uma mala com R$
500 mil, enviados por Joesley.
Em outra gravação, também de
março, o empresário diz a Temer que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador
Lúcio Funaro uma mesada para que permanecessem calados na prisão. Diante dessa
informação, Temer diz, na gravação: "tem que manter isso, viu?"
Na delação de Joesley, o senador
Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, é gravado pedindo ao empresário R$ 2
milhões. No áudio, com duração de cerca de 30 minutos, o presidente nacional do
PSDB justifica o pedido dizendo que precisava da quantia para pagar sua defesa
na Lava Jato.
A entrega do dinheiro foi feita a
Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio, que foi diretor da Companhia
Energética de Minas Gerais (Cemig), nomeado por Aécio, e um dos coordenadores
de sua campanha a presidente em 2014.
Quem levou o dinheiro a Fred foi
o diretor da JBS, Ricardo Saud. Foram quatro entregas, de R$ 500 mil cada uma.
Um dos pagamentos foi filmado pela Polícia Federal (PF). A PF rastreou o
caminho do dinheiro e descobriu que foi depositado numa empresa do senador Zezé
Perrella (PSDB-MG).
Outra filmagem mostra que Fred
repassou, ainda em São Paulo, as malas para Mendherson Souza Lima, secretário
parlamentar de Perella.
Segundo a reportagem, no material
que chegou às mãos do ministro Edson Fachin no STF a PGR diz ter elementos para
afirmar que o dinheiro recebido pelos assessores de Aécio Neves não era para os
advogados.
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