Após traçar o cenário de uma
possível disputa pelo Palácio do Planalto, o Instituto Datafolha revela, nesta
segunda-feira, em sua pesquisa de opinião pública, que a maioria dos
brasileiros defende a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e
o prosseguimento da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o atual
ocupante do cargo, Michel Temer (PMDB). Segundo a pesquisa, dos entrevistados,
54% avaliam que os fatos revelados pela Lava Jato são suficientes para justificar
a prisão do petista.
De acordo ainda com os números do
Datafolha, 40% afirmam que não há motivos para a detenção do ex-presidente, que
governou entre 2003 e 2010 –5% não opinaram. Quanto ao presidente Michel Temer,
89% dos brasileiros ouvidos pelo Instituto Datafolha defendem que a Câmara
Federal autorize a abertura de processo contra ele por organização criminosa e
obstrução de justiça. Apenas 7% dos entrevistados são contrários à aprovação da
denúncia, que implicaria no afastamento de Temer por até seis meses, caso a
decisão da Câmara fosse aceita pelo Supremo.
O Datafolha ouviu 2.772 pessoas
em 194 cidades, nos dias 27 e 28 de setembro, com margem de erro de dois pontos
percentuais para mais ou para menos. Lula foi condenado pelo juiz Sergio Moro a
9 anos e 6 meses de prisão por ter recebido um apartamento em Guarujá (SP) como
parte de propina da construtora OAS.
Segundo entendimento do STF, ele
só poderá ser preso se a sentença for confirmada em segunda instância, pelo
Tribunal Regional Federal da 4ª Região, sediado em Porto Alegre. O apoio à
prisão do ex-presidente cresce conforme aumenta o grau de instrução (69% entre
os que têm nível superior e 37% entre os com nível fundamental) e a renda
familiar mensal (chega a 76% no grupo mais rico e a 42% no mais pobre) do
entrevistado.
Com relação ao presidente Michel
Temer (PMDB), a acusação é de liderar um esquema do seu partido que teria
recebido ao menos R$ 587 milhões de propina.
Além disso, ele teria dado aval à compra do silêncio do ex-deputado
federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso no Paraná, pela JBS. Para que a denúncia
contra o presidente possa virar uma ação penal, é preciso a autorização de dois
terços da Câmara. Em agosto, os deputados barraram uma primeira denúncia contra
Temer, em que era acusado de corrupção passiva.
A pesquisa também constatou uma
divisão dos brasileiros quanto aos efeitos futuros da Lava Jato. O Datafolha
registrou empate técnico, de 44% para cada lado, entre os que creem que a
corrupção irá diminuir após a operação e os que pensam que continuará na mesma
proporção de sempre. Para 9%, atos ilícitos aumentarão nos próximos anos.
Outro dado importante da pesquisa
do Datafolha: o repúdio generalizado à corrupção entre os entrevistados. A
maioria (62%) declarou que ela acarreta mais danos ao país do que a
incompetência dos governos. E 80% concordam com a ideia de que a “a corrupção é
inaceitável em qualquer circunstância”. Da mesma forma, a afirmação “se um
governante administra bem o país, não importa se ele é corrupto ou não”, é rejeitada
por 74%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário