Dezenas de mulheres trabalharam sendo assediadas e ameaçadas por um
homem, no município de Canindé, nos últimos anos. O suspeito, Flávio Roberto
Sousa Alves, conhecido como 'Peixoto', de 48 anos, é procurado pela Polícia.
Ele é conhecido na cidade pelo perfil assediador e começou a responder a
investigações policiais por crimes sexuais há 17 anos.
A Delegacia Regional de Canindé, da Polícia Civil, instaurou um
inquérito por estupro consumado contra 'Peixoto' em 1º de fevereiro de 2002.
Agora, 17 anos depois, a mesma Delegacia investiga o gerente geral de uma
fábrica de calçados por estupro e assédio sexual e moral.
Conforme o titular da Regional, delegado Daniel Aragão Mota, 14
mulheres já procuraram a Polícia Civil nas últimas semanas para realizar
denúncias. "Desde a outra fábrica onde também era gerente, ele assediava
as mulheres para dar emprego ou para dar promoção", revela o delegado.
Vítimas - Uma das mulheres disse à Polícia que sofreu
estupro e as outras 13, assédio sexual e moral dentro do ambiente de trabalho.
A resistência de uma vítima, que preferiu não se identificar, resultou na sua
demissão da empresa. "Ele ('Peixoto') ficava me chamando para sair. Ele
insistiu tanto e, como eu não quis, ele me demitiu com menos de dois meses.
Depois que saí de lá, não consegui mais emprego".
A mulher denunciou o assédio sexual à Polícia somente neste mês de abril,
quase um ano após a sua demissão. "Ele ficava me ameaçando, dizendo que,
se eu fosse atrás da Polícia, não ia dar certo. Como todas as outras vítimas
estavam se manifestando, eu fui também".
Outra mulher relata que conhecia a "fama" do gerente.
"Eu já sabia que ele dava em cima das mulheres e que só contratava quem
aceitasse sair com ele. Fui convidada para sair algumas vezes e eu disse que se
fosse desse jeito, não queria".
A rejeição ao chefe levou ao assédio moral. Foram sete meses de
"humilhação", até que ela pediu demissão. "Ele ficou agressivo
comigo, me chamava de 'lesada' direto, disse que, se eu não desse conta do
trabalho, ia me demitir. Teve um dia que ele chegou muito agressivo, deu duas
mãozadas na minha mesa e eu fiquei chorando. Ele me humilhava muito. Não
aguentei mais e pedi demissão. Agora, tô desempregada". O medo é presente
entre as vítimas do gerente.
Foragido - Diante da proliferação de Boletins de Ocorrências (B.Os.), a Delegacia
Regional pediu a prisão temporária de Flávio Roberto e conseguiu o mandado
junto à Justiça Estadual.
A Polícia Civil tentou cumprir o mandado na fábrica de calçados,
localizada na BR-020, na tarde da última segunda-feira (29). Mas 'Peixoto', ao
perceber a chegada de viaturas policiais, deixou o local pela porta dos fundos
da empresa e saiu em uma motocicleta.
O suspeito é considerado foragido da Justiça. A Polícia espera que a
prisão dele resulte em mais denúncias de mulheres que se tornaram suas vítimas.
'Peixoto' já tem passagens pela Polícia pelos crimes de estupro, ameaça e
também aborto provocado por terceiro.
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