A beata será a primeira mulher
nascida no Brasil a ser canonizada. Novo milagre atribuído a ela é sobre pessoa
que dormiu cega e acordou enxergando
Um segundo milagre atribuído à Irmã Dulce, conhecida como “O Anjo bom
da Bahia”, foi reconhecido por meio de decreto e, com isso, ela será proclamada
Santa, informou o site “Vatican News”, canal oficial de comunicação do
Vaticano.
Ela será a primeira mulher nascida no Brasil a ser canonizada e será
chamada de Santa Dulce dos Pobres,
pelas obras de caridade e de assistência prestadas aos mais pobres e
necessitados.
O novo milagre reconhecido tem relação com uma pessoa que dormiu cega e
acordou enxergando, informou a Arquidiocese de Salvador. A informação também
foi confirmada pelas Obras Sociais Irmã Dulce (OSID). Ainda não foi divulgado,
no entanto, quem foi a pessoa que recebeu a graça, nem de onde ela é e quando o
caso aconteceu.
“Com o Decreto autorizado pelo Santo Padre reconhecendo o milagre
atribuído à intercessão de Irmã Dulce, a Baeta será proximamente proclamada
santa em solene celebração de canonizações”.
O primeiro milagre atribuído à Irmã Dulce, que levou à sua
beatificação, em 22 de maio de 2011, trata da recuperação de uma paciente que
teve uma grave hemorragia pós-parto e cujo sangramento subitamente parou, sem
intervenção médica.
A data da celebração de canonizações não foi divulgada.
Processo de canonização - Após a beatificação da freira, iniciou-se
o processo para buscar a canonização, quando a pessoa passa a ser considerada
santa pela Igreja Católica. Para a beatificação, é necessária comprovação de um
milagre, que no caso de Irmã Dulce ocorreu em outubro de 2010.
Já para a canonização, é preciso que o Vaticano reconheça mais um
milagre, com a exigência de que esse milagre tenha ocorrido após a beatificação,
o que foi reconhecido agora.
O Vaticano tem quatro exigências quanto à veracidade da graça, até ser
considerada milagre: ser preternatural (a ciência não consegue explicar),
instantâneo (acontecer imediatamente após a oração), duradouro e perfeito.
Frei Galvão, conhecido pelas pílulas milagrosas que, segundo a fé
católica, têm poder de cura e que nasceu em 1739, em Guaratinguetá, no interior
de São Paulo, foi o primeiro santo nascido no Brasil a ser canonizado, em 11 de
maio de 2007, pelo então Papa Bento XVI.
Madre Paulina, que morava em Santa Catarina, também foi canonizada e
ficou conhecida como a primeira santa do Brasil. Ela, no entanto, nasceu na
Itália e só veio morar no país com a família aos 10 anos. Com isso, Irmã Dulce
se tornará a primeira santa nascida no Brasil.
História e legado - Irmã Dulce, cujo nome de batismo era Maria
Rita de Souza Brito Lopes Pontes, é recordada por suas obras de caridade e de
assistência aos pobres e necessitados. Religiosa da Congregação das Irmãs
Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, a beata nasceu em Salvador
em 26 de maio de 1914.
Desde cedo manifestou interesse pela vida religiosa. Aos 13 anos de
idade, passou a acolher mendigos e doentes em sua casa, transformando a
residência da família – no bairro de Nazaré – em um centro de atendimento. A
casa ficou conhecida como “A Portaria de São Francisco”, por conta do grande
número de carentes que se aglomeravam a sua porta.
Em 1933, a jovem ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da
Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Convento de Nossa Senhora do Carmo,
cidade de São Cristóvão, em Sergipe. No mesmo ano recebeu o hábito e adotou o
nome de Irmã Dulce, em homenagem à sua mãe, que se chamava Dulce Maria de Souza
Brito Lopes Pontes e morreu quando a freira tinha 7 anos.
No ano de 1935, já de volta a Salvador, dava assistência à comunidade
pobre de Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara na parte interna do
bairro de Itapagipe. Nessa mesma época, começa a atender também os operários
que eram numerosos naquele bairro, criando um posto médico e fundando, em 1936,
a União Operária São Francisco – primeira organização operária católica do
estado, que depois deu origem ao Círculo Operário da Bahia.
Em 1939, Irmã Dulce invade cinco casas na localidade da Ilha do Rato,
na capital baiana, para abrigar doentes que recolhia nas ruas de Salvador.
Expulsa do lugar, ela peregrina durante uma década, levando os seus doentes por
vários locais da cidade.
Por fim, em 1949, Irmã Dulce ocupa um galinheiro ao lado do Convento
Santo Antônio, após autorização da sua superiora, com os primeiros 70 doentes.
A iniciativa deu origem à tradição propagada há décadas pelo povo baiano de que
a freira construiu o maior hospital da Bahia a partir de um simples galinheiro.
Espaço onde ficava o galinheiro
ocupado por Irmã Dulce, em 1949, para abrigar os doentes ajudados por ela
Já em 1959, é instalada oficialmente a Associação Obras Sociais Irmã
Dulce (Osid), e no ano seguinte é inaugurado o Albergue Santo Antônio.
A Osid atualmente é um dos maiores complexos de saúde com atendimento
100% gratuito do Brasil, com 3,5 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano
a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), entre idosos, pessoas com
deficiência e com deformidades craniofaciais, pacientes sociais, crianças e
adolescentes em situação de risco social,dependentes de substâncias psicoativas
e pessoas em situação de rua.
Segundo a instituição, nos últimos 25 anos a entidade contabiliza 60
milhões de atendimentos ambulatoriais e mais de 280 mil cirurgias realizadas, o
que dá uma média de aproximadamente 30 cirurgias por dia.
Irmã Dulce faleceu no dia 13 de março de 1992, aos 77 anos, no Convento
Santo Antônio, em Salvador.
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