Francisco Thiago foi detido na
última semana em uma investigação da Controladoria Geral de Disciplina dos
Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD)
Além do crime de homicídio,
Francisco Thiago responde por ter arremessado água quente em outro PM que
dormia dentro do Presídio Militar, em Fortaleza
O policial militar Francisco Thiago Gomes da Silva, preso na última
terça-feira (20) por extorsão, já respondia a um homicídio, que teria sido
cometido junto de outros policiais, e a uma agressão a outro PM. Ele, os
policiais militares José Luciano Souza de Queiroz, Leandro César de Mesquita
Araújo e Manoeldo Pereira de Sousa e o policial civil Marcondes Nangle Gomes
Quirino são réus em um processo por homicídio qualificado e tentativa de
homicídio, que transita na Vara Única da Comarca de Jijoca de Jericoacoara.
Francisco Thiago foi detido na última semana em uma investigação da
Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema
Penitenciário (CGD). Na última sexta (23), a Justiça Estadual determinou a
conversão da prisão em flagrante para preventiva.
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), os
cinco policiais saíram de Fortaleza em um veículo, com destino a Jijoca de
Jericoacoara, no dia 20 de março do ano passado, com o objetivo de se vingar e
matar Francisco Renan Portela de Araújo - suspeito de tráfico de drogas e que
estaria ameaçando outro PM.
Renan foi executado com dez tiros. A companheira dele tentou
socorrê-lo, mas acabou baleada na orelha. Os policiais ainda teriam retirado as
imagens das câmeras de monitoramento dos dois imóveis do casal atacado - o que
resultou na abertura de outro processo, pelo crime de furto.
Na fuga, os acusados foram abordados e presos pela Polícia Militar na
estrada, no município de Acaraú. Foram apreendidos uma pistola Ponto 40,
munições e um pen drive. O processo está na fase de instrução criminal
(depoimentos em juízo), e os réus tiveram a prisão relaxada pela Justiça
Estadual em 17 de maio.
'Banho' de água quente - Os PMs Francisco Thiago e Leandro César
também respondem juntos a outro processo no Tribunal de Justiça do Ceará
(TJCE). O primeiro foi denunciado pelo MPCE por lesão corporal grave, enquanto
o segundo, pelo crime de falso testemunho. A acusação foi recebida pela
Auditoria Militar do Ceará no dia 26 de fevereiro deste ano e a dupla virou
réu.
Conforme o Ministério Público, Thiago arremessou água quente em outro
PM que dormia dentro do Presídio Militar, em Fortaleza, no dia 15 de agosto do
ano passado. O policial teve de ser levado ao Instituto Doutor José Frota
(IJF), onde foram constatadas lesões graves no rosto, tórax e braços.
Testemunhas contaram aos investigadores que acusado e vítima tinham uma
rivalidade e Thiago já teria chamado o outro PM duas vezes para brigar, além de
ter arremessado uma ponta de cigarro nele. Ao ser interrogado, Leandro disse
que estava do lado de Thiago e não tinha como o amigo ter cometido o crime, mas
o MPCE considerou um falso testemunho.
O caso de extorsão - Francisco Thiago voltou a ser detido na
última terça-feira (20). Policiais da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da
CGD, investigavam uma denúncia de extorsão e conseguiram efetuar a prisão do
servidor em flagrante, na Avenida Coronel de Carvalho, em Fortaleza.
Segundo a CGD, o policial exigia R$ 100 mil da vítima para não matá-la.
No dia 13 de agosto, suspeitos que se identificaram como policiais teriam
raptado o homem de dentro da sua oficina e o levado para uma residência em
Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Depois, o homem foi liberado
para conseguir o dinheiro.
A vítima, que não tem passagens pela polícia, continuou a receber
ameaças pelo WhatsApp e procurou a Controladoria. O homem marcou um horário com
os criminosos para entregar uma parte do dinheiro, quando os policiais da DAI
surpreenderam Francisco Thiago e o balearam, antes da detenção. Com o suspeito,
foram apreendidas uma pistola Ponto 40 e 22 munições. Ele está sob escolta policial
em uma unidade hospitalar.
Em audiência de custódia na última sexta-feira (23), a 17ª Vara
Criminal do Ceará converteu a prisão em flagrante do militar em prisão
preventiva. O juiz afirmou que o PM é perigoso e a manutenção da prisão se faz
necessária para garantir a ordem pública.
Ao total, conforme informações da CGD, Francisco Thiago responde a dois
Conselhos de Disciplina referentes a outros fatos; três inquéritos policiais na
DAI; e cinco ações penais no TJCE. A Controladoria afirmou também, em nota, que
solicitou ao MPCE instauração de Procedimento de Investigação Criminal (PIC),
referente a lesão por intervenção policial, além do acompanhamento por promotor
de Justiça do Inquérito que apura o crime de extorsão.
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