Breno Barros Soares teve prisão
em flagrante convertida para prisão preventiva em audiência de custódia
ocorrida nesta terça-feira

Juan Ferreira dos Santos foi
morto com um disparo de arma de fogo durante uma festa na Praça do Mirante
A Justiça manteve a prisão do soldado da Polícia Militar (PM) Breno
Barros Soares, em audiência de custódia realizada nesta terça-feira, 17. Ele
foi preso em flagrante após efetuar disparo que vitimou o adolescente Juan
Ferreira dos Santos, de 14 anos, em abordagem policial ocorrida na noite da
última sexta-feira, 13, na Praça do
Mirante, bairro Vicente Pinzón.
Na decisão, a juíza Fabiana Silva Félix da Rocha destaca que a prisão é
importante para "a conveniência da instrução criminal". Ela argumenta
que, “apesar de já ter se passado três dias do crime”, não foi anexado aos
autos qualquer laudo pericial nem mesmo laudo cadavérico que pudesse esclarecer
a trajetória do projétil, “já que é ventilado, pela defesa, a ocorrência de
disparo acidental”. Apenas policiais militares que não presenciaram a conduta
delitiva foram ouvidos e pessoas que não estavam no local dos fatos haviam sido
ouvidas no inquérito até então. Conforme a magistrada, a juntada de novas
provas pode mudar até mesmo a tipificação penal pela qual o soldado foi preso:
lesão corporal seguida de morte (artigo 209 do Código Penal Militar).
A juíza ainda discorreu sobre a tese de defesa de que o disparo foi
feito em direção ao solo e em momento de risco iminente para o soldado, já que
haveria pessoas vindo em sua direção com pedras e pedaços de madeira. Ela disse
“estranhar” a alegação, já que “é de conhecimento notório que o disparo de arma
de fogo ao solo ocasiona a mudança da trajetória da bala, o que por certo gera
um risco imenso, mormente quando rodeado por inúmeras pessoas”. Conforme a
decisão, o soldado ainda afirmou na audiência ter voltado ao trabalho após
meses de afastamento para tratamento de transtorno pós-traumático. A juíza
"lamentou" que o soldado tenha voltado "justamente com atuação
nas ruas e contenção de manifestações".
A acusação, pontua a magistrada, é "de extrema gravidade",
uma vez que teve como vítima "cidadão, menor de idade, desarmado".
“Diante dos fatos acima relatados, a primariedade e demais circunstâncias
eventualmente favoráveis não são suficientes (ao soldado) para afastar o
decreto prisional, já que este tem por escopo garantir a ordem pública”.
Relembre o que aconteceu - Juan Ferreira dos Santos estava em uma
festa no Mirante do Morro Santa Terezinha. De acordo com nota da Polícia
Militar do Estado (PMCE), os policiais da 2ª Companhia do 8º Batalhão de PM se
dirigiram ao evento, por volta das 21h30min. A composição teria visto jovens em
"atitude suspeita". Ao tentar fazer a abordagem, a equipe policial
contou ter havido resistência. Os adolescentes teriam jogado pedras nos
policiais. Foi quando o PM efetuou disparos, segundo conta, com direção ao solo
e atingiu o adolescente. Testemunhas afirmaram que o grupo em que Juan estava
se assustou com a abordagem policial e correu. Em resposta, o militar teria
disparado. O tiro atingiu a nuca do adolescente, que foi encaminhado a um
hospital, mas não resistiu.
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