domingo, 1 de setembro de 2019

QUADRILHA DE PMs - Policial militar tentou proteger traficante em investigação de roubo à Base Aérea de Fortaleza

O sargento Jeovane Moreira Araújo é apontado como o líder de uma quadrilha de PMs que se ligava a traficantes

A Base Aérea de Fortaleza foi invadida por homens armados e roubada em maio de 2016. Três fuzis e uma pistola foram levados pelos criminosos. — Foto: Kléber A. Gonçalves/ SVM
A Base Aérea de Fortaleza foi invadida por homens armados e roubada em maio de 2016 - Três fuzis e uma pistola foram levados pelos criminosos

Um policial militar tentou proteger um suposto traficante na investigação do roubo de quatro armas de fogo (três fuzis e uma pistola) da Base Aérea de Fortaleza, em 20 de maio de 2016, segundo o Ministério Público do Ceará (MPCE). O sargento Jeovane Moreira Araújo é apontado como o líder de uma quadrilha de PMs que se ligava a traficantes.
O sargento Jeovane e mais 9 colegas de farda foram presos no dia 2 de agosto, quando foi deflagrada a primeira fase da Operação Maçãs Podres. Na última sexta-feira (30), a segunda fase da operação resultou na prisão de onze supostos traficantes. Os 21 presos e mais quatro foragidos são acusados pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, extorsão, corrupção ativa e passiva, porte e posse ilegal de arma de fogo e organização criminosa.
De acordo com a denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do MPCE, um traficante identificado como Leandro de Sena Braga ligou para Jeovane para pedir que a investigação do roubo à Base Aérea não respingasse nele, já que o seu irmão, Paulo de Oliveira Braga, era um dos participantes do crime.
O sargento responde que o homem não será detido e o orienta a pedir ao seu irmão para se desfazer das armas roubadas e avisar à polícia sobre a localização. Os telefonemas entre os investigados foram interceptados com autorização da Justiça Estadual.
Na sequência, o PM liga para um amigo, o também sargento Glaydson Eduardo Saraiva (também denunciado pelo MPCE), para solicitar que o militar não efetue a prisão de Leandro. 'Gordinho' - como Glaydson era chamado - responde que a investigação vai chegar até o nome dele. Então, Jeovane volta a ligar para o suposto traficante para alertá-lo: "o negócio vai fechar aí".

Mais envolvidos - Ainda conforme a denúncia, o militar recorre a outro colega de farda, lotado no Serviço Reservado da Polícia Militar, o tenente Edmílson de Souza Amaro (outro acusado). Este PM propõe que o traficante indique a localização do seu irmão e diz que irá conversar com os outros PMs.
"O contexto dos áudios deixa claro o empenho dos policiais em afastar o nome do traficante Leandro das investigações com o objetivo de conseguirem com isto alguma vantagem. Como se vê, a teia criminosa estabelecida entre policiais e traficantes é estável, bem estruturada e, muitas vezes, autossustentável, operando numa simbiose perfeita", conclui o Gaeco, apesar das investigações não apontarem como terminou o caso.
O suposto traficante Leandro Braga foi assassinado antes do esquema criminoso ser descoberto, no dia 28 de maio de 2017.
As investigações descobriram que dois soldados da Aeronáutica e mais quatro pessoas participaram da ação ousada. Em julgamento realizado em julho de 2017, os soldados foram condenados a 18 anos e 16 anos de prisão, e outro réu, a nove anos de prisão.

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