Policiais souberam do plano de ataque
e fizeram ação preventiva - Eles são suspeitos de matar 14 pessoas, incluindo
seis pessoas mantidas reféns pelos assaltantes
Carro em que vítima estava junto
com criminosos foi atingido por diversos tiros em Milagres
O roubo a bancos que terminou com 14 assaltantes e reféns mortos pela
Polícia Militar há um ano no município de Milagres, no Ceará, foi planejado por
um presidiário detido em Juazeiro do Norte, no interior do estado. O objetivo
dos criminosos era “matar dois coelhos numa só tacada”, conforme disse um
detento em mensagem interceptada pela polícia.
A Polícia Militar do Ceará soube com antecedência dos planos de ataque
às agências bancárias e adotou uma ação preventiva. Os policiais são suspeitos
de atirar e matar 14 pessoas, sendo oito assaltantes e seis pessoas que eram
mantidas reféns pelos criminosos, sendo cinco da mesma família. O caso ocorreu
no dia 7 de dezembro de 2018.
Troca de tiros entre criminosos e
policiais deixou 14 mortes em Milagres - Pelo menos seis pessoas mortas eram
reféns de duas famílias
Quadrilha desarticulada - O município de Milagres entrou no radar dos
detonadores de bancos semanas antes do ataque. O município de 28 mil habitantes
no Cariri cearense possui agências do Banco do Brasil e do Bradesco. Conforme
informação, o criminoso que planejava o ataque tinha a quadrilha desarticulada,
com vários membros presos.
Ele então passou a "dica" de assalto para um companheiro do
mesmo presídio, chefe de uma outra quadrilha cujos comparsas estavam em liberdade.
Assaltantes de bancos de Alagoas e Sergipe receberam a orientação para
assaltar as agências de Milagres. A quadrilha que tentou o assalto em Milagres
é a mesma que explodiu a agência do Bradesco em Abaré, na Bahia, em novembro de
2018.
Em 6 de dezembro, um dia antes do ataque, o delegado Dernival Elói,
diretor do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) de Sergipe informou a
Secretaria de Segurança Pública do Ceará acerca do plano de explodir as duas agências
bancárias em Milagres.
O delegado disse que os criminosos usariam dois veículos, uma
caminhonete L200 e uma Saveiro, repassando as placas e esclarecendo que a da
L200 era clonada.
Policiais avançam e disparam
vários tiros contra assaltantes e reféns - 14 pessoas morreram
Policiais a postos - As informações possibilitaram que, na
madrugada de 7 de dezembro, 12 policiais militares do Gate, a tropa de elite da
PM cearense, estivessem a postos em ruas no centro da cidade aguardando o
início do ataque a agências bancárias.
Dos seis reféns mortos, cinco eram da mesma família, de Serra Talhada,
em Pernambuco. Cícero Tenório, Claudineide Campos e Gustavo Tenório eram pai,
mãe e filho respectivamente. Os três haviam acabado de desembarcar no Aeroporto
de Juazeiro do Norte, vindos de São Paulo para passar o Natal. Eles foram
capturados pela quadrilha na estrada e levados como refém até as agências
bancárias.
A cearense Edneide dos Santos aguardava no aeroporto pelos pais
Laurentino Fernandes e Maria Lurilda e o irmão Genário Fernandes, esses três
últimos foram os únicos reféns sobreviventes. Alegando não saber que havia
reféns, a PM atirou e matou seis dos nove familiares abordados pela quadrilha
na BR-116.
Ainda conforme informações, a falha na operação de explosão dos bancos
revoltou comparsas no presídio de Juazeiro do Norte, que prometem se vingar de
um dos mentores do plano, um morador de Milagres.
Alteração da cena do crime - A ocorrência da madrugada resultou em
investigação da Polícia Civil que identificou os envolvidos nas mortes e
encontrou evidências de alteração da cena do crime, como remoção de corpos,
retirada de estojos de projéteis e eliminação de imagens de câmeras de
segurança de um supermercado.
Foram indiciados 19 militares e o médico e vice-prefeito de Milagres,
Abraão Sampaio. Ele é suspeito de transportar na caçamba de seu veículo os
corpos dos cinco familiares de Serra Talhada até o hospital, passados mais de
40 minutos após o fim do tiroteio.
A equipe médica de plantão não chegou a verificar batimentos porque
estavam todos “visivelmente sem vida”, conforme depoimento à Polícia Civil.
Foram 20 denunciados pelo Ministério Público do Estado do Ceará por homicídio
ou fraude processual. Já são todos réus e, por determinação da Justiça, os
militares estão afastados das ruas, exercendo funções administrativas.
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