Apesar dos bons índices,
especialistas apontam que com quebra do isolamento, os números de doentes podem
voltar a subir
Ainda não é a notícia que sempre quisemos dar, mas já é melhor do que
muitas: a curva de contágio do novo coronavírus no Ceará está, hoje,
estabilizada. Uma pesquisa do grupo Covid-19 Analytics, que reúne engenheiros,
economistas e cientistas de dados, aponta que o Estado é o único de todo o País
com taxa de contágio abaixo de 1 (0,92). Isso significa dizer que, em média,
cada infectado no Ceará transmite o vírus para menos de uma pessoa - cenário que,
se for mantido, deve frear o avanço da doença e diminuir o número de novos
casos.
O cálculo para se obter o número efetivo de reprodução (R) - nome
oficial da "taxa de contágio" - considera variáveis como o
crescimento de casos confirmados dia a dia, o número de pacientes recuperados e
o de casos ainda ativos. Desse modo, outro fator que interfere nos resultados
são os níveis de transparência na divulgação de dados por parte das secretarias
de saúde estaduais, já que o Covid-19 Analytics utiliza fontes oficiais.
O levantamento da PUC-Rio mostra as taxas de contaminação no Ceará
entre os dias 15 de abril, quando uma pessoa infectada no Estado transmitia a
doença para outras 2,75; e 26 de maio, segundo dia em que a taxa ficou abaixo
de 1, considerado o "ideal". O número favorável foi atingido ainda em
25 de maio, quando ficou em 0,99. A taxa atual do Brasil, de 26 de maio, é de
1,89.
O pico de transmissibilidade no Ceará, segundo os dados, foi registrado
no dia 22 de abril, quando a taxa de contágio totalizou 3,01 - ou seja, um
doente cearense passava o novo coronavírus para cerca de três pessoas, fazendo
os casos se multiplicarem com maior velocidade.
O
modelo matemático leva em conta também o tempo de recuperação de cada paciente.
"A taxa está ligada diretamente a quantas pessoas cada doente infecta. O
que a faz subir ou descer é a velocidade com que as pessoas se recuperam.
Conforme os tratamentos forem avançando, o número desce; se os pacientes ficam
doentes por mais tempo, podem infectar mais gente, e a taxa sobe".
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