Três jovens foram perseguidos e
baleados - Dois morreram e um sobreviveu - Investigação policial apontou para a
autoria por dois militares, que negam os crimes - Dois dias depois, uma
testemunha também foi assassinada
Dois homens em uma moto perseguem
um veículo, que tem a trajetória interrompida por dezenas de tiros. Para o Ministério Público do Ceará (MPCE),
dois policiais militares foram os autores dos disparos que mataram dois jovens
e deixaram outro ferido, após uma briga em uma festa, no bairro Mondubim, em
Fortaleza, no início deste ano. A 1ª Vara do Júri de Fortaleza, da Justiça
Estadual, aceitou a denúncia e os PMs viraram réus no processo, no dia 17 de
junho último.
A Justiça também determinou a prisão preventiva dos servidores
públicos. O soldado Samuel Ferreira Magalhães, conhecido como 'Ferreirinha', de
40 anos, se entregou à Polícia Civil e está detido no 5º Batalhão de Polícia
Militar (BPM) desde a última terça-feira (23). Enquanto o soldado Willamy Félix
Amaral, 33, ainda não foi preso, mas a defesa afirmou que ele tem interesse de
também se apresentar, após ser notificado oficialmente do mandado de prisão.
Conforme a denúncia do Ministério Público, na madrugada de 11 de
janeiro deste ano, os militares se envolveram em uma confusão em uma festa, o
que motivou quatro homens a saírem do local - sendo três em um veículo Fiat
Palio e o outro em uma motocicleta.
O grupo foi perseguido por outra motocicleta, com dois ocupantes, que
começaram a atirar contra o carro, ao ponto de o automóvel colidir com uma
calçada. Francisco Augusto Militão da Silva, 18, e Willian da Silva Cunha, 21,
foram executados no local, enquanto outro jovem foi baleado e socorrido. O
crime foi filmado por uma câmera de monitoramento e testemunhado pelo quarto
homem, que acompanhava os amigos em uma motocicleta.
A investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa
(DHPP), da Polícia Civil, através de depoimentos e outras provas, apontou
'Ferreirinha' e Félix como os autores do crime. Segundo o MPCE, os PMs
"são conhecidos na localidade por serem pessoas perigosas e contumazes na
prática de delitos". Já as vítimas seriam ligadas ao tráfico de drogas.
Testemunha - O homem que acompanhava o trio baleado em
uma moto e que testemunhou o crime é Leonardo de Sousa Soares. De acordo com a
denúncia do Ministério Público, ele prestaria depoimento à Polícia Civil sobre
o duplo homicídio no dia 14 de janeiro deste ano, mas foi assassinado no dia
anterior. O caso e a possível ligação com as outras execuções são investigados
pelos policiais civis do DHPP.
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