A Diocese de Crato recebeu comunicado oficial há cerca 15 dias, mas ainda não havia divulgado a informação
A cerimônia de beatificação de Benigna Cardoso da Silva, a mártir
Benigna, prevista para acontecer no dia 15 de outubro, na Sé Catedral Nossa
Senhora da Penha, em Crato, foi oficialmente adiada pelo Vaticano, que
comunicou a Diocese de Crato há cerca de 15 dias, mas não divulgou. Ainda sem
data prevista, a decisão foi motivada para evitar aglomerações, como medida de
segurança contra o contágio pelo novo coronavírus.
Natural de Santana do Cariri, Benigna foi brutalmente assassinada aos
13 anos de idade, em 24 de outubro de 1941, a golpe de facas pelo seu vizinho,
outro adolescente que a assediava e que tentou forçá-la a ter relações sexuais
com ele. Aclamada como “Heroína da Castidade”, ela se tornará a primeira beata
cearense.
A celebração seria presidida pelo cardeal Giovanni Angelo Cardeal
Becciu, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano, que
representaria o Papa Francisco. É provável que sua vinda seja mantida, mas para
o ano de 2021.
A morte de Benigna aconteceu no atual distrito de Inhumas, a dois quilômetros
do centro da cidade, onde todo dia 24 de outubro, data em que foi morta, recebe
milhares de pessoas em romaria. Ano passado, foram cerca de 30 mil fiéis. No
entanto, este ano, o evento acontecerá de formato virtual, semelhante as
romarias de Juazeiro do Norte, com celebrações transmitidas pelas redes
sociais. As missas serão restritas a 50% da capacidade das igrejas.
O processo - A Diocese de Crato abriu o processo de
Benigna em 2011 e, dois anos depois, foi aceito pelo Vaticano. Após ser
aprovado ela foi aclamada “Serva de Deus”, após apresentar as virtudes
necessária, foi proclamado “Venerável”.
Já a beatificação, é primeiro passo para a canonização, onde a Igreja
reconhece oficialmente a fama e o testemunho de santidade de alguém que viveu e
morreu heroicamente, marcado pelas virtudes cristãs.
Na fase inicial, os teólogos investigaram as virtudes e as
circunstâncias da morte. A comprovação de um milagre, critério necessário para
tonar-se beato, é dispensado em caso de martírio. No caso da menina, que foi
assassinada por um adolescente que assediava, os populares acreditam que “ela
deu a vida para não cometer pecado”.
Além da extensa documentação que a equipe diocesana entrou na sede da
Igreja Católica, o Vaticano solicitou, em 2016, depoimentos de pessoas que
viveram entre as décadas de 1940 a 1980, relatando graças alcançadas e sobre a
consciência popular do martírio de Benigna. Com a aprovação da Comissão dos
Teólogos, a fase mais longa do processo, restou aos bispos discutirem a
aprovação da beatificação da menina para, em seguida, encaminhar para o Papa.
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