Agente foi apontado como líder de esquema criminoso na
ocasião do certame - Decisão ainda cabe recurso
A Controladoria Geral
de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD)
demitiu um policial militar por fraude em um concurso público realizado em
2017. Na ocasião, 22 pessoas envolvidas no crime foram detidas, e, por isso, o
certame não foi cancelado.
Os chefes do esquema cobravam dos interessados na fraude o valor de R$ 37 mil,
equivalente a 10 vezes o salário que receberiam caso aprovado.
A demissão do soldado Glaudemir Ribeiro
do Nascimento, apontado como líder do esquema, foi publicada em edição do
Diário Oficial do Estado (DOE) da última segunda-feira (26). Outro policial, o soldado Albany Almeida Vasconcelos,
teve processo contra ele arquivado. A
decisão cabe recurso.
Conforme o Diário Oficial, o caso ocorreu em 1º de outubro de 2017, na ocasião
de um concurso público estadual para os cargos de agente penitenciário. Segundo
consta na apuração, os dois militares agiram em conluio, "arregimentando
interessados em pagar, a fim de obter proveito com a fraude, além de repassar
os equipamentos eletrônicos para a sua execução".
No esquema, além de Glaudemir ter a função de resolver questões da prova e
repassar o gabarito, o soldado teria cobrado de um candidato R$ 5 mil de
entrada mais dez parcelas no valor de um salário-base de um agente
penitenciário.
Uma pessoa presa no caso relatou que o soldado participava de esquemas para
fraudar concursos públicos havia aproximadamente dez anos. Glaudemir entrou na
corporação em 2010, tendo acumulado oito elogios por bons serviços e três
sanções disciplinares.
Investigação - Um dos envolvidos,
preso e autuado em flagrante no dia do fato, afirmou que pagou R$ 2 mil em espécie
ao soldado como adiantamento pelo repasse do gabarito da prova.
A testemunha foi abordada na saída do local de prova com um ponto
eletrônico de recepção de sinal e conduzida à Perícia Forense do Ceará (Pefoce)
e ao Instituto Doutor José Frota (IJF), onde foi extraído um dispositivo de
recepção de sinal de dentro do ouvido. No depoimento, ela disse que somente
soube que Glaudemir era policial militar no dia em que foi presa.
Durante a investigação, foi descoberto um grupo de pessoas identificadas e
flagradas em plena execução do crime. Os policiais envolvidos na ação
monitoravam o grupo de candidatos vinculados a Glaudemir, inicialmente indicado
no esquema como captador de interessados na fraude e responsável pela resolução
de questões do teste.
O concurso - Ao todo, foram
ofertadas mil vagas no certame, distribuídas por oito microrregiões do estado,
com salário de R$ 3,7 mil. Mais de 76,9 mil pessoas se inscreveram, das quais
61,6 mil realizaram a prova objetiva.
Segundo as investigações, candidatos que passavam as respostas buscavam
interessados nos concursos, cobrando dez vezes o salário que o aprovado
receberia por mês.
Dezesseis pessoas dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco,
Paraíba, Bahia e São Paulo pagaram pela fraude, sendo eliminadas
posteriormente.
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