Além de R$ 230,00 que a mãe de uma das vítimas usaria para
pagar o dízimo da igreja, os militares exigiram 3 mil para não prender um homem
Quatro policiais
militares são acusados de extorquir um casal em Fortaleza, levando das vítimas o dinheiro que estava dentro de uma bíblia e
exigido que eles arrumassem a quantia de R$ 3 mil. Os PMs saíram do local
levando R$ 2 mil que as vítimas conseguiram e R$ 230, que estava escondido e
era destinado ao pagamento do dízimo da igreja da mãe da mulher extorquida e
para comprar um sapato para a neta.
O crime aconteceu em março de 2022, mas não havia sido divulgado o teor da
ocorrência. São acusados: o 3º sargento
Jorge Luiz Girão de Souza, cabo Sebastião Rabelo de Noronha, o soldado Filipe
Aragão Sombra e o soldado Francisco Sérgio de Araújo.
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), os agentes
invadiram uma residência e exigiram quase R$ 3 mil para não prender uma vítima.
Todos eles foram acusados pelos crimes de abandono de posto, lesão leve, furto
qualificado, extorsão qualificada, associação criminosa e abuso de autoridade.
Os suspeitos foram detidos em flagrante e soltos após a fase de audiência de
instrução.
Desde então, seguem afastados do policiamento ostensivo e eram monitorados por
tornozeleira eletrônica. A decisão mais
recente do processo é o fim do monitoramento.
COMO ACONTECEU A EXTORSÃO - Consta na denúncia que os PMs estavam escalados para patrulhar nos
bairros Fátima, Vila União e Serrinha, no dia 7 de março de 2022. Por volta das
12h, a viatura saiu da área de serviço para a qual estava escalada, sem
autorização do supervisor.
A composição foi até o bairro Bom Sucesso, usando balaclavas e supostamente
acompanhados de um informante da Polícia.
O GPS indicou que às 12h19 a viatura estacionou em frente à casa das
vítimas. Eles teriam invadido a residência, alegando que receberam uma denúncia
apontando que lá tinham drogas guardadas. De
acordo com a acusação, crianças presenciaram as agressões.
Os PMs teriam exigido R$ 3 mil para não prender uma das vítimas. Familiares
foram até o caixa eletrônico de um mercantil próximo e fizeram saques em dinheiro,
além de conseguirem outra parte do valor com agiotas da comunidade. Ao receberem a quantia, os PMs foram
embora.
Mais tarde, a mãe da
mulher extorquida observou que os policiais também levaram R$ 230, de dentro da
bíblia "onde continha o nome dízimo, pois como é evangélica, havia
separado esse dinheiro para doar à igreja, e outros R$ 100,00 (cem) reais, que
seriam pertencentes à sua neta para comprar sapato".
INVESTIGAÇÃO - As vítimas denunciaram a ação criminosa e os envolvidos foram detidos. O MPCE foi a favor da revogação da prisão domiciliar, mas pediu que a Justiça mantivesse a proibição dos réus se aproximarem das vítimas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário