O PM também teria tentado assassinar a própria companheira, em Barbalha
A CGD publicou a decisão da demissão em setembro do ano
passado e o PM recorreu
Dez meses após ser demitido da Corporação, o policial militar
Mayron Myrray Bezerra Aranha segue recebendo vencimentos vindos dos cofres do
Estado do Ceará. Em menos de um ano, o PM acusado de
matar um prefeito e tentar assassinar a tiros a própria companheira, já
recebeu, pelo menos, R$ 45 mil, continuando na folha de pagamentos da Polícia
Militar do Ceará (PMCE).
A continuidade dos pagamentos se dá porque Mayron recorreu da decisão da
Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema
Penitenciário (CGD). Em setembro do ano passado, a CGD publicou a demissão no
Diário Oficial do Estado (DOE).
O agente recorreu e deste então não há uma nova decisão definitiva que o impeça
de receber os vencimentos, mensalmente. Por nota, a CGD diz que "o
policial militar ingressou com pedido de revisão processual. O processo está em
análise pelo Conselho de Disciplina e Correição – órgão de deliberação em
caráter recursal cuja decisão final tenha sido proferida pelo Controlador Geral
de Disciplina. Ressalta-se que a Controladoria segue os trâmites do ordenamento
jurídico".
Na época, da demissão a Controladoria disse ter considerado que o militar
cometeu "faltas funcionais atentatórias aos direitos humanos fundamentais
e de natureza desonrosa, condições previstas legalmente como necessárias para
classificar uma transgressão como de natureza grave" e concluiu que
"a praça acusada não reúne a capacidade moral para permanecer nos quadros da
PMCE".
TENTATIVA DE FEMINICÍDIO - A demissão veio devido à tentativa de feminicídio ocorrida em Barbalha,
em 2020. Segundo a portaria, Mayron Myrray foi indiciado e preso pela Polícia
Civil do Ceará (PC-CE) por motivo fútil e com uso de arma de fogo, contra a
própria companheira.
O casal estava em uma chácara, quando a mulher teria se recusado a ter
relações sexuais com o acusado, o que o motivou a atirar no braço dela. Ela
correu para uma via pública para pedir ajuda e foi socorrida por uma equipe do
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que a levou para o hospital,
onde passou por cirurgia.
Além da tentativa de feminicídio, o PM teria cometido outros crimes naquele
dia, de acordo com a CGD: disparo de arma de fogo, porte ilegal de arma de
fogo, direção de veículo automotor com capacidade psicomotora alterada por
influência de álcool e fuga do local em que se deu a prática criminosa. O
processo criminal tramita em segredo de justiça.
POLICIAL TAMBÉM É SUSPEITO DE MATAR PREFEITO - Mayron Myrray Bezerra Aranha é réu, em outro processo, pelo assassinato
do então prefeito de Granjeiro João Gregório Neto, o 'João do Povo', ocorrido
no dia 24 de dezembro de 2019. Conforme as investigações, o PM foi o
coordenador da ação criminosa, que contou com pistoleiros e chocou o Estado, na
véspera da celebração do Natal.
O policial demitido
ainda responde a ações penais na Justiça do Ceará por participação no motim dos
militares, em fevereiro de 2020; por crimes do Sistema Nacional de Armas; e por
ameaça.
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