O proprietário de um dos seis anéis templários da alta cúpula de uma facção cearense e acusado de ser o principal mandante dos ataques recebeu a maior pena da sentença judicial
Ednal Braz da Silva, o 'Siciliano', foi transferido de um
presídio de Pernambuco para uma unidade federal de segurança máxima, ainda em
setembro de 2019
O Ceará viveu, em setembro de 2019, uma das maiores crises na
Segurança Pública, com uma série de ataques a bens públicos e privados. Mais de quatro anos depois, seis acusados de integrar duas facções
criminosas rivais - que deram uma trégua na guerra entre elas e se associaram
para atacar o Estado - foram condenados pela Justiça Estadual a uma soma de
mais de 82 anos de prisão.
A sentença foi proferida pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas, no
último dia 23 de janeiro. Ednal Braz da
Silva, o 'Siciliano', proprietário de um dos seis anéis templários da alta
cúpula de uma facção cearense e acusado de ser o principal mandante dos
ataques, recebeu a maior pena da Justiça: 22
anos de prisão.
Também foram condenados outros quatro acusados de integrar a facção cearense:
Antônia Valdirene de Lima Soares, a 'Irmã Raposa'; Aílton Maciel Lino, o 'Irmão
Snoopy'; Luís Felipe Lima de Carvalho, o 'Irmão 43'; e Marcos Antônio de Castro
Farias, o 'Matuê'.
A sexta pessoa condenada é Cíntia Bastos de Sousa, conhecida como 'Irmã Ruiva',
apontada pela investigação policial como uma integrante de uma facção carioca,
que seria o elo entre os dois grupos criminosos.
A Justiça determinou ainda que as penas devem ser cumpridas em regime inicial
fechado e negou aos réus o direito de recorrer em liberdade. Outros dois
acusados no processo criminal (um homem e uma mulher) foram absolvidos de todos
os crimes e tiveram o alvará de soltura expedido.
SÉRIE DE ATAQUES CRIMINOSOS - Em 11 dias (entre 20 e 30 de setembro de 2019), o Ceará somou pelo menos
113 ataques criminosos a bens públicos e privados, em 36 cidades. Entre as
ocorrências, veículos foram incendiados, estabelecimentos comerciais depredados
e torres de energias explodidas. Ao menos 150 suspeitos de envolvimento com os
crimes foram capturados pela Polícia.
As investigações policiais descobriram que a principal motivação dos
ataques criminosos era o descontentamento das facções com a gestão do Sistema
Penitenciário cearense, que naquele ano passou a ser comandado pelo secretário
Mauro Albuquerque. Em janeiro, o Estado já havia vivenciado outra série de
ataque.
Uma investigação desenvolvida pela Polícia Federal (PF) chegou à
participação de Ednal Braz da Silva nos crimes. 'Siciliano' estava detido em um
presídio em Pernambuco, mas, mesmo preso, tinha acesso a um aparelho celular e
enviava ordens de outro Estado para comparsas no Ceará.
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