Crimes foram descobertos por meio de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça e por outros levantamentos realizados pelo Ministério Público do Ceará
Em 12 fases, Operação Gênesis já cumpriu mais de 240 ordens
judiciais - entre mandados de prisão e de busca e apreensão - no Ceará
Uma organização
criminosa formada por policiais militares, alvo da 12ª fase da Operação
Gênesis, já era investigada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Ceará (MPCE), há pelo menos três
anos. Cinco policiais militares foram presos nas últimas três semanas, por
envolvimento com extorsões, tráfico de drogas e tráfico de armas. Um sexto PM
não foi localizado e virou foragido da Justiça.
As ordens de prisão preventiva, expedidas pelo Tribunal de Justiça do Ceará
(TJCE), foram cumpridas contra quatro
sargentos da Polícia Militar do Ceará (PMCE), Paulo Rogério Bezerra do
Nascimento, José Urubatan de Oliveira, Auricélio da Silva Araripe e Cristiano
Barney Freitas Alencar, e o soldado Antônio Danúzio Silva. Já o sargento
Ronaldo Gomes Silva está na situação de foragido.
A denúncia do Gaeco contra a organização criminosa listou uma série de
extorsões e negociações de drogas e armas de fogo, ocorridas entre 2016 e 2017,
descobertas por meio de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça e
por outros levantamentos. O grupo de militares se aliava a pequenos e médios
traficantes para cometer os crimes. Conforme
a denúncia, a quadrilha chegava a cobrar até R$ 10 mil em extorsões.
Os alvos dos policiais nas extorsões eram traficantes com considerável
poder aquisitivo ou que já tinham alguma passagem pela Polícia. Segundo o MPCE,
o histórico criminal facilitava as exigências, as abordagens e o alcance das
vantagens almejadas pelo grupo criminoso. Os PMs investigados acessavam os
sistemas da própria Polícia, além de obter informações com pequenos
traficantes, para selecionar as vítimas e planejar as ações criminosas.
NEGOCIAÇÕES DE DROGAS E ARMAS DE FOGO
Os investigadores do
Gaeco também encontraram conversas dos policiais militares em que eles
negociavam drogas e armas de fogo. No dia 23 de fevereiro de 2017, os PMs
planejaram vender 100 frascos de lança-perfume por um total de R$ 6 mil (R$ 60
por cada). Um mês antes, o sargento Paulo Rogério negociou a venda de 300 gramas
de cocaína por R$ 3 mil.
Já o sargento José Urubatan teve algumas conversas sobre tráfico de armas
interceptadas. Em uma delas, em 3 de novembro de 2016, o militar ofereceu uma
pistola Ponto 380 por R$ 5 mil. Cinco dias antes, ele havia oferecido um revólver
calibre 38 por R$ 2,5 mil.
Os seis policiais militares alvos dos mandados de prisão preventiva foram
denunciados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, em
junho de 2022. Na época, os pedidos de prisão preventiva e de busca e apreensão
foram negados pela Vara da Auditoria Militar. O MPCE recorreu da decisão e
obteve as ordens de prisão, no TJCE, no último dia 24 de abril.
Os PMs foram presos nos
dias seguintes, em ações da Coordenadoria de Inteligência (Coin) da Secretaria
de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), com o apoio do Comando
Geral da Polícia Militar.
A Operação Gênesis foi deflagrada pela primeira vez em 2020, para combater
organizações criminosas formadas por agentes de segurança e traficantes,
responsáveis pelo tráfico de drogas e armas, roubos e homicídios, em Fortaleza
e na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
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