A Justiça Estadual instaurou um Incidente de Insanidade
Mental, solicitado pela defesa do servidor público, para verificar a
imputabilidade do réu
Operação Saratoga foi deflagrada em dezembro de 2017, contra
um braço da facção paulista PCC no Ceará
O delegado da Polícia Civil do Ceará (PCCE) Francisco Enéas
Barreira Maia, acusado pelo Ministério Público do
Ceará (MPCE) de beneficiar presos da facção criminosa paulista Primeiro Comando
da Capital (PCC), será submetido a um exame psquiátrico, solicitado pela defesa e autorizado pela Justiça
Estadual. O servidor se encontra afastado das atividades para tratamento de
saúde e aguarda a aposentadoria por invalidez.
A Vara de Delitos de Organizações Criminosas emitiu um despacho, no dia 1º de
novembro último, em que agenda o Exame Pericial Psiquiátrico do réu para o dia
17 de dezembro deste ano, no Setor de Psiquiatria Forense da Perícia Forense do
Ceará (Pefoce).
A defesa de Francisco Enéas, solicitou,
no dia 26 de janeiro deste ano, a instauração de Incidente de Insanidade
Mental, "no intuito de se confirmar ou rechaçar a imputabilidade do
agente".
Segundo o pedido da defesa, o delegado "é portador de distúrbios
psicológicos, revelando quadro de saúde mental bastante delicado", o que
foi reforçado pelo laudo de um médico psiquiatra e pelo histórico de atestados
médicos do servidor na Polícia Civil do Ceará.
O Ministério Público do Ceará foi de acordo à instauração do Incidente de
Insanidade Mental, "por vislumbrar dúvida razoável acerca da integridade
mental do Requerente". A Justiça recebeu o pedido da defesa, no dia 24 de
junho deste ano, e suspendeu o processo criminal contra o delegado, até a
conclusão do Incidente.
Acusação contra o delegado - O delegado Francisco Enéas Barreira Maia foi preso na Operação Saratoga,
deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas
(Gaeco), do MPCE, no dia 14 de dezembro de 2017. No mês anterior, ele havia
sido denunciado pelo Gaeco pelos crimes de embaraço à investigação de infração
penal que envolva organização criminosa e corrupção passiva.
Conforme a denúncia, o delegado Francisco Enéas, enquanto titular da
Delegacia Metropolitana de Caucaia, favoreceu dois presos que integravam a
facção Primeiro Comando da Capital, em troca de R$ 20 mil. A dupla foi detida
em flagrante pela Polícia Militar do Ceará (PMCE), na posse de drogas.
Após ligações de uma liderança do PCC, de um policial militar e de uma
advogada (estes dois últimos tinham um relacionamento amoroso) - que também
foram alvos da Operação -, o delegado teria colocado um suspeito (um mototaxista)
apenas como testemunha da ocorrência e teria autuado o outro suspeito apenas
por tráfico de drogas - e não por associação para o tráfico.
A investigação ainda aponta que o delegado foi responsável por apagar todos
os arquivos de um celular apreendido com um dos suspeitos, retornando ao estado
de fábrica, como constatou um laudo pericial elaborado pela Perícia Forense do
Ceará.
Francisco Enéas foi solto pelo Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), em maio de
2018, mas foi afastado da função pública pela Controladoria Geral de Disciplina
dos Órgãos da Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), no mês seguinte.
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