Prefeito eleito de Orós, Simão Pedro, diz que não vai assumir
o cargo para dar lugar à vice, a mãe dele
O prefeito eleito de
Orós, Simão Pedro (PSD), afirmou que vai renunciar ao cargo para ser deputado.
Sua mãe, que é vice da chapa eleita, deve assumir a gestão. Tereza Cristina
Pequeno (PSB) tem 73 anos e já foi prefeita da cidade nos anos 1990.
Mas, uma chapa eleitoral pode ser composta por mãe e filho
e/ou parentes próximos:
No contexto eleitoral
brasileiro, a formação de chapas por parentes de primeiro grau, como mãe e
filho, é regulada pelo artigo 14 da Constituição Federal.
Esse dispositivo estabelece que são inelegíveis, no território de jurisdição do
titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou
por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território,
do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis
meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato
à reeleição.
Luiz Felipe Andrade, especialista em direito eleitoral e membro da Academia
Brasileira de Direito Eleitoral e Político (ABRADEP), explica que é possível
que uma chapa seja composta por mãe e filho ou outros parentes de primeiro
grau, desde que não haja impedimentos legais específicos.
"A inelegibilidade por parentesco prevista no artigo 14 da Constituição
Federal aplica-se principalmente para evitar a perpetuação de grupos familiares
no poder executivo. Portanto, se nenhum dos membros da chapa estiver exercendo
ou tiver exercido recentemente cargo executivo que gere inelegibilidade para o
outro, a formação da chapa é permitida".
Ou seja, se o titular da chapa já fosse
prefeito e estivesse tentando uma reeleição, então não poderia haver um parente
próximo na chapa.
Por que o prefeito eleito de Orós abriu mão do cargo
No caso do prefeito
eleito de Orós, Simão é suplente de deputado estadual e deve assumir a vaga de
Gabriella Aguiar (PSD) na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece).
Gabriella é vice-prefeita eleita na chapa de Evandro Leitão (PT) para a
prefeitura de Fortaleza e vai renunciar à cadeira na Alece. Como Simão é o
primeiro suplente do partido, deverá ser convocado a assumir o cargo.
Em entrevista, Simão disse que a renúncia já estava decidida e que a chapa (composta
por ele e a mãe) também foi pensada de forma estratégica.
"Irei renunciar no dia da posse, como prefeito. Vou ter dois diplomas, mas
eu irei optar pelo cargo de deputado efetivo, até porque ajuda muito mais o
município eu estando como deputado. E uma pessoa muito ligada a mim, que é a
minha mãe, como prefeita, já foi uma das melhores prefeitas da história de
Orós. Então eu não tenho dúvida que essa casadinha vai ser muito importante
para Orós, para a região e para todos os municípios que também acreditaram em
mim na campanha para deputado".
Orós tem 19.675
habitantes. Simão Pedro tem 43 anos e já foi prefeito duas vezes da cidade. Esse
seria o seu terceiro mandato.
Já sua vice (e mãe), Tereza Cristina Pequeno (PSB), tem 73 anos e já foi
prefeita da cidade entre os anos 1993 e 1996.
O PSD é terceiro partido com maior número de prefeitos eleitos em todo o Ceará,
totalizando 16. Com a saída de Simão, ficam 15.
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