Sergipano morreu após ser trancado no porta-malas de uma viatura e ser submetido à inalação de gás lacrimogêneo, durante abordagem policial na BR-101 em Umbaúba
Kleber Nascimento Freitas e William de Barros Noia
A Justiça Federal
aumentou a pena dos ex-policiais rodoviários federais, Kleber Freitas e William de Barros pela morte de Genivaldo Santos,
de 38 anos que foi trancado no porta-malas da viatura e ser submetido à
inalação de gás lacrimogêneo, em maio de 2022. A revisão foi realizada após um
pedido do Ministério Público Federal.
Eles haviam sido condenados, no dia 7 de dezembro de 2024, a 23 anos, um mês e
9 dias de reclusão, e com o ajuste passam a cumprir 23 anos, oito meses e 14
dias de reclusão. Pelo crime também foi condenado o ex-prf Paulo Rodolpho, que
recebeu a pena de 28 anos de reclusão.
Os ex-prfs estão presos desde 14 de outubro de 2022, e foram demitidos da PRF
após determinação do Ministro da Justiça em agosto de 2023.
Quem era a vítima
Genivaldo de Jesus Santos tinha 38 anos e era
aposentado em virtude do diagnóstico de esquizofrenia. Ele era casado com Maria
Fabiana dos Santos, com quem tinha um filho de sete anos e um enteado de 18.
De uma família de 11 irmãos, ele é lembrado como uma pessoa de personalidade
tranquila, bom pai e muito prestativo com as pessoas próximas.
Em setembro de 2023, a Justiça Federal em Sergipe determinou que a União pague
uma indenização por danos morais no valor de R$ 1 milhão para o filho de
Genivaldo. Além de pagamento de indenização de R$ 405 mil para a mãe da vítima.
Abordagem foi gravada
Perícia afirma que gases tóxicos causaram colapso no pulmão
de Genivaldo
Nas imagens da
abordagem, gravadas por testemunhas, a perícia observou que o policial William
de Barros Noia aparece pedindo para que Genivaldo colocasse as mãos na cabeça.
Genivaldo obedece, mas mesmo assim, recebe um jato de spray de pimenta no
rosto.
Segundo os peritos, o
policial Kleber Nascimento Freitas jogou spray de pimenta pelo menos cinco
vezes em Genivaldo, que alegou que não estava fazendo nada. A ação continuou no
chão, quando policiais pressionaram o pescoço e o peito de Genivaldo com os joelhos.
Após Genivaldo ser colocado no porta-malas da viatura, o policial Paulo
Rodolpho Lima Nascimento jogou uma granada de gás lacrimogêneo no
compartimento. Paulo Rodolpho e William seguraram a porta, impedindo que a
fumaça se dissipasse mais rapidamente.
A perícia feita pela Polícia Federal durante as investigações concluiu que a
vítima passou 11 minutos e 27 segundos em meio a gases tóxicos, dentro de um
lugar minúsculo e sem poder sair da viatura estacionada.
Com a detonação do gás lacrimogêneo, houve a liberação de gases tóxicos, como
monóxido de carbono e ácido sulfídrico. Os peritos atestaram que a concentração
de monóxido de carbono foi pequena, mas a de ácido sulfídrico foi bem maior, e
pode ter causado convulsões e incapacidade de respirar.
Segundo a perícia, o esforço físico intenso e o estresse da abordagem
aceleraram a respiração de Genivaldo, e isso pode ter potencializado ainda mais
os efeitos tóxicos dos gases. A perícia constatou que os gases causaram um
colapso nos pulmões.
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