Com o fim dos ritos do velório e sepultamento do pontífice, Vaticano passará por um período de luto.
Imagem mostra grupo de cardeais desfocados, ilustrando
conclave para escolha de novo papa após morte de Francisco
Reunião é formada por 135 religiosos votantes, podendo ser
sete deles brasileiros
O conclave, ritual que
reunirá 135 cardeais eleitores na Capela Sistina para designar o sucessor do Papa
Francisco, ainda não tem data definida
pelo Vaticano.
As normas da Igreja Católica indicam que o evento deve começar entre o 15º e o
20º dia após o falecimento, ou seja, entre 5 e 10 de maio, porém, pode ser
antecipado se todos os religiosos já estiverem em Roma, na Itália.
Após os ritos do velório e sepultamento do pontífice, programados para os
próximos dias, o Vaticano passará por um período de luto de nove dias, para,
então, convocar o Colégio Cardinalício - grupo com todos os cardeais, com
direito de voto ou não.
O Papa Francisco faleceu na última segunda-feira (21), vítima de um acidente
vascular cerebral (AVC), dias após receber alta de uma longa internação devido
a problemas respiratórios.
O que é um conclave - O ritual católico
secular marca a eleição de novos papas. O termo deriva das palavras em latim
cum clave, que significa "fechado a
chave", remetendo à votação secreta para escola do bispo de Roma.
Na ocasião, os 135 cardeais eleitores se reunirão na Capela Sistina, localizada
no Palácio Apostólico, e realizarão quatro votações por dia, sendo duas pela
manhã e duas à tarde.
As cédulas contendo os votos e as anotações feitas pelos cardeais são
destruídas e queimadas pelo camerlengo, principal dirigente do Vaticano que
assume o papado interinamente. Atualmente,
o cargo é ocupado pelo irlandês Kevin Farrell.
Os cardeais ficam instalados na Casa Santa Marta, mesmo local onde Jorge
Mario Bergoglio decidiu viver, ao renunciar ao apartamento papal no Palácio
Apostólico.
Como é a votação - Primeiro, há a
realização de reuniões gerais nas quais os cardeais participam e discutem os
problemas da Igreja e do mundo atual. A partir dali, começam-se a delinear
perfis que assumam o papel de bispo de Roma.
Em seguida, acontece a votação na Capela Sistina, na qual participam
somente os cardeais com menos de 80 anos. O número máximo de cardeais eleitores
é estabelecido em 120, embora atualmente haja 135 com direito a voto, sendo
sete deles brasileiros, - e, como no passado, podem ser concedidas exceções.
Normalmente, o novo papa é escolhido entre cardeais que estão na capela,
mas não há regras que impeçam que alguém que está fora seja eleito.
No dia do conclave, da votação a portas fechadas, os cardeais dirigem-se à
Basílica de São Pedro para a missa presidida pelo decano do Colégio Cardinalício,
que atualmente é o italiano Giovanni Battista Re.
Então, eles seguem em
procissão para a Capela Sistina, preparada com bancos para as votações e o
fogareiro onde serão queimadas as cédulas e anotações. Nessa etapa, é proibido
o uso de dispositivos eletrônicos ou qualquer contato com o exterior.
Durante o ritual, cada cardeal escreve o nome do escolhido em um papel
retangular e deposita em uma urna. Após a sessão, dois apuradores abrem os
papéis e leem silenciosamente os nomes, enquanto um terceiro os pronuncia em
voz alta. As cédulas são furadas, amarradas umas às outras e queimadas no
fogareiro.
Fumaça preta e branca - Durante as votações do
conclave, a chaminé da Capela Sistina, que pode ser observadas pelos fiéis da
Praça de São Pedro, emite uma fumaça
preta se ninguém ainda tiver sido escolhido.
Caso um candidato tenha conquistado dois terços dos votos, uma fumaça branca produzida com produtos
químicos anuncia ao mundo que "habemus
papam".
Após três dias sem uma definição, as reuniões são suspensas para um dia de
oração, seguido por novas rodadas de votação até a eleição final.
O conclave mais longo da história demorou 33 meses, quase três anos, para
eleger Beato Gregório X como papa, em 1271.
Habemus Papam - Ao ser eleito, o
cardeal deverá responder a duas perguntas do decano: "Aceita sua eleição
canônica para Sumo Pontífice" e "Como deseja ser chamado". Caso
responda "sim" à primeira, torna-se papa e bispo de Roma.
Um por um, os cardeais expressam um gesto de respeito e obediência ao novo
papa, antes do anúncio aos fiéis.
Da varanda da basílica de São Pedro, o cardeal protodiácono anuncia "Habemus papam". Em seguida, o novo
pontífice aparece e pronuncia a bênção "urbi et orbi" (À cidade e ao mundo).
Brasileiros que devem votar no conclave - O Brasil tem oito cardeais que integram o Colégio Cardinalício, sendo
cinco nomeados pelo papa Francisco e três pelo pontífice anterior, Bento XVI.
Somente um deles não é votante: dom
Raymundo Damasceno Assis, atual arcebispo emérito de Aparecida (SP), que
tem 87 anos. Dom Damasceno foi nomeado por Bento XVI e participou do conclave
que escolheu o Papa Francisco, em 2013.
Abaixo, confira os sete cardeais brasileiros que podem votar
no ritual
João Braz de Aviz, 77
anos, arcebispo emérito de Brasília
Odilo Scherer, 75 anos,
arcebispo de São Paulo
Leonardo Ulrich Steiner,
74 anos, arcebispo de Manaus
Orani Tempesta, 74 anos,
arcebispo do Rio de Janeiro
Sérgio da Rocha, 65
anos, arcebispo de Salvador, primaz do Brasil por conduzir a arquidiocese mais
antiga do país
Jaime Spengler, 64
anos, arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB)
Paulo Cezar Costa, 57 anos, arcebispo de Brasília
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