Representantes de diversos países devem viajar para a votação secreta
Assim que um cardeal atinge os votos necessários, ele precisa
aceitar oficialmente a escolha - Só então o resultado é validado
A Igreja Católica
inicia os ritos funerários e os preparativos para escolher um novo Papa, após a
morte de Francisco na última segunda-feira (21). O sucessor deve ser eleito em
um conclave, reunião de cardeais no Vaticano nos próximos dias.
Representantes de diversos países devem viajar para a votação secreta. Dentre a
lista com possíveis favoritos para assumir como Papa estão dois brasileiros,
conforme especialistas em Vaticano.
VEJA LISTA DOS 'FAVORITOS' PARA A SUCESSÃO
Cardeal Pietro Parolin - Itália: É o atual secretário de Estado do Vaticano, ocupando o segundo posto
mais importante na hierarquia da Santa Sé desde 2013. Foi o primeiro cardeal
nomeado pelo Papa Francisco, em 2013.
Cardeal Matteo Zuppi - Itália: É arcebispo de Bolonha desde 2015 e também foi nomeado cardeal pelo Papa
Francisco, em 2019. Zuppi é presidente da Conferência Episcopal Italiana,
membro da Comunidade de Sant'Egidio e o enviado especial do Papa para o conito
na Ucrânia.
Cardeal Pierbattista Pizzaballa - Itália: Foi nomeado cardeal pelo Papa Francisco em 2023. Como líder da Igreja
Católica no Oriente Médio, o italiano é frequentemente elogiado pelo trabalho
em prol do diálogo inter-religioso entre cristãos, judeus e muçulmanos.
Cardeal Péter Erdo - Hungria: De postura conservadora e formação acadêmica sólida, o cardeal húngaro
Peter Erdo, 72 anos, arcebispo de Esztergom-Budapeste, foi durante muito tempo
o cardeal mais jovem da Europa.
Cardeal José Tolentino de Mendonça - Portugal: Nascido em 1965 na Ilha da Madeira, Portugal, é atual prefeito do
Dicastério para a Cultura e a Educação, cargo que ocupa desde 2022. Foi nomeado
cardeal pelo Papa Francisco, em 2019.
Cardeal Mario Grech - Malta: É o atual secretário-geral do Sínodo dos Bispos, cargo que ocupa desde
2020. Foi nomeado bispo de Gozo em 2005, também por Francisco.
Cardeal Robert Francis Prevost - EUA: Nasceu em Chicago, nos Estados Unidos, em 1955, e é bispo emérito de
Chiclayo, no Peru. Sua função principal é auxiliar nas nomeações e
transferências de bispos.
Cardeal Wilton Gregory - EUA: Nascido em 1947 em Chicago, Estados Unidos, é o atual arcebispo de
Washington D.C.. Em 2020, ele se tornou o primeiro cardeal afro-americano da
Igreja, tendo sido nomeado por Francisco.
Cardeal Blase Cupich - EUA: Blase Cupich, nascido
em 1949 em Omaha, Estados Unidos, é o arcebispo de Chicago desde 2014 e cardeal
desde 2016, também nomeado pelo Papa Francisco. Conhecido por sua abordagem
pastoral inclusiva e seu foco em questões sociais.
Cardeal Luis Antonio Tagle - Filipinas: É o atual cardeal-arcebispo de Manila. Foi nomeado cardeal pelo Papa
Bento XVI em 2012. Tagle é conhecido por seu compromisso com a justiça social,
o combate à pobreza e a defesa dos direitos humanos, além de ser defensor do
diálogo inter-religioso.
Cardeal Leonardo Ulrich Steiner - Brasil: Steiner tornou-se o primeiro cardeal da Amazônia brasileira. Nascido em
Forquilhinha (SC) e nomeado bispo em 2005 pelo Papa João Paulo II (1920-2005),
ele tomou posse como arcebispo de Manaus em janeiro de 2020, após assumir o
cargo ocupado por Dom Sergio Castriani desde 2012.
Cardeal Sérgio da Rocha - Brasil: Nascido em Dobrada, no interior de São Paulo, o cardeal é mestre em
Teologia Moral pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção,
também em São Paulo, e doutor pela Academia Alfonsiana da Pontifícia
Universidade Lateranense, em Roma.
Cardeal Jean-Marc Aveline - França: Nascido em 1958, em Sidi Bel Abbès, na Argélia. É citado por alguns
especialistas (sobretudo franceses) como o "favorito" de Francisco a
sucedê-lo, sendo considerado o mais "bergogliano" dos bispos do país.
Foi nomeado pelo Pontífice em 2022.
O QUE É O CONCLAVE - Conclave é uma palavra
que vem do latim 'cum clavis'. Significa 'fechado
com chave', se referindo à prática de confinar cardeais para permitir que
eles escolham um novo Papa sem interferência externa.
Os votantes ficam proibidos de falar com qualquer pessoa que não participe
deste processo e não podem receber mensagens. No total, 138 cardeais com menos de 80 anos têm direito a voto e também
podem ser eleitos no conclave.
Há representantes de diversos continentes. O mais jovem tem 45 anos e é um
clérigo ucraniano radicado na Austrália.
COMO ACONTECE A VOTAÇÃO - Antes das votações, os
cardeais participam de missas e orações. Se esses ritos forem concluídos até a
tarde do primeiro dia, já pode ocorrer a primeira rodada de votação. O rito é o
seguinte: cada cardeal escreve o nome de seu candidato em uma cédula, dobra o
papel e o deposita em um cálice sobre o altar, seguindo a ordem do mais velho
para o mais jovem.
Para ser eleito, um candidato precisa obter dois terços dos votos. As
cédulas são contadas em voz alta na presença de todos, embora a autoria do voto
seja mantida em sigilo.
Se ninguém alcançar a quantidade necessária de votos, são realizadas até
quatro votações por dia: duas pela manhã
e duas à tarde. O processo pode seguir por três dias consecutivos, caso
contrário, o quarto dia será reservado para uma pausa voltada à oração e
discussão em busca de consenso.
As votações podem ser
retomadas em ciclos, com pausas regulares para oração. O processo pode
continuar indefinidamente, embora, na prática, seja mais breve. Segundo a
diocese de Providence, nos Estados Unidos, nenhum dos últimos 11 conclaves ultrapassou
quatro dias de duração.
Assim que um cardeal atinge os votos
necessários, ele precisa aceitar oficialmente a escolha. Só então o resultado é
validado.
O decano do conclave, normalmente o cardeal mais velho, pergunta ao eleito se ele aceita o cargo e
qual nome papal deseja adotar. O Papa Francisco foi registrado como Jorge
Mario Bergoglio no nascimento, em 1936, mas adotou o novo nome com a eleição,
em 2013.
E A COR DA FUMAÇA - Após a decisão, todas
as cédulas são queimadas. Se nenhum Papa foi escolhido, um produto químico é
adicionado para produzir fumaça preta. Quando há um novo papa, a fumaça que sai
pela chaminé da Capela Sistina é branca.
A fumaça branca é o sinal tradicional de que o novo Papa foi eleito. Cerca
de 30 a 60 minutos depois, ele aparece na sacada com vista para a Praça de São
Pedro.
O nome do novo pontífice é anunciado ao mundo pelo cardeal mais velho
presente, encerrando o conclave e iniciando oficialmente um novo papado.
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