Policial negociava drogas com traficante, aponta investigação no RS

Investigação do Ministério Público (MP) flagrou um policial negociando drogas com um traficante no Rio Grande do Sul. Os dois foram presos. Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça levaram os promotores ao policial civil José Carlos Leal, suspeito de repassar drogas para o traficante Jonas Freitas Bica Oliveira.

Policial: “Aquela que eu te passei era boazinha? Era?” 
Traficante: “Era! Foi tudo já!” 
Policial: “Ah! Então tá beleza, bom saber”.

A cocaína tinha até controle de qualidade, conforme mostrou a investigação do MP, que durou três meses.

Traficante: “Te lembra aquela que eu peguei? Tá louco”. Aquilo lá não presta”.
Policial: “Devolve ... que não presta! Devolve e não paga nada”.

José Carlos Leal também é suspeito de vazar informações sigilosas sobre operações policiais. Ele trabalhava na delegacia de Alvorada, na Grande Porto Alegre. E até ser identificado nos grampos nunca tinha levantado suspeitas, segundo a delegada.

De acordo com a promotoria, a ousadia era tanta que até carros da Polícia Civil foram usados pelo policial suspeito para negociar com o traficante.

Policial: “Eu vou com a preto e branco. Tudo tranquilo, né?”
Traficante: “Tá cara”.

Na delegacia, José Carlos Leal só não usava o telefone. E nem precisava, pois as despesas com o celular eram pagas pelo traficante, como aponta a investigação.

Policial: “Se quiser botar um crédito nesse telefone pra mim (sic) te ligar, porque eu tô sem crédito. Não tenho como botar”.
Traficante: “Amanhã eu já boto pra ti”.

“O policial civil é treinado para combater o crime. É pago pelo Estado para combater o crime, e usa toda essa experiência para justamente se associar ao crime. É muito mais grave a conduta dele do que a do próprio traficante”, diz o promotor de justiça Flávio Duarte.