sexta-feira, 27 de setembro de 2013

TRAGÉDIA NO RS - Ferida na Kiss reclama de atendimento - Incêndio em boate completa 8 meses hoje

Adriele ainda se recupera da intoxicação sofrida na boate Kiss (Foto: Arquivo Pessoal)
Adriele ainda se recupera da intoxicação sofrida na boate Kiss

A saudade de jogar futebol não é só o que incomoda a estudante Adriele Roth da Silva, de 19 anos, oito meses depois de presenciar uma das maiores tragédias da história do Rio Grande do Sul. Afastada das partidas de fim de semana com as amigas depois de ficar 14 dias internada em decorrência do incêndio da boate Kiss, que completa oito meses nesta sexta-feira (27), ela sofre há dois meses com uma dor de garganta que dificulta a alimentação e um atendimento que considera “desorganizado”. No início de março, pouco mais de um mês depois da tragédia, o Ministério da Saúde anunciou que sobreviventes do incêndio teriam um acompanhamento de cinco anos, e que os medicamentos seriam distribuídos gratuitamente. “Diziam que (o atendimento) seria em primeiro lugar, mas não é assim. A gente chega e já querem nos encaminhar a postos de saúde. Se você chegar ali com algum problema, te mandam esperar ou ir ao posto”, conta Adriele.

Estudante reclama de dor de garganta e diz que não consegue comer carne (Foto: Arquivo Pessoal)
Estudante reclama de dor de garganta e diz que
não consegue comer carne
Adriele, ou Drica, como gosta de ser chamada,  estuda ciências sociais na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) no turno da noite e e mora na Casa do Estudante. Ela conta que sofreu uma queimadura na traqueia em decorrência da fumaça tóxica inalada na casa noturna. As funções pulmonares ficaram mais frágeis, e ela precisa de um medicamento com custo de cerca de R$ 100. Além de bancar os remédios, a estudante realiza fisioterapia para recuperar a plena atividade pulmonar. Como não pode correr, deixou de jogar futebol com as amigas, como fazia duas vezes por semana desde o início de 2011, quando ingressou na UFSM. As fisioterapeutas que a acompanham ainda não sabem quando ela poderá voltar a jogar. A saudade do esporte a levou a cancelar o curso técnico de agropecuária que fazia para se dedicar à recuperação do pulmão, dedicando a tarde à fisioterapia. A rotina ainda é apertada, já que as aulas são à noite e, pela manhã, ela trabalha como bolsista no mesmo HUSM onde batalha para obter as consultas. A jovem conta que começou o curso no início deste ano, para “se ocupar” e não pensar no incêndio que havia presenciado alguns meses antes. A tontura que sentia ao sentir o cheiro dos produtos agrícolas também a estimulou a abandonar as aulas de agropecuária. 

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