No corredor da morte
A pedido do governo brasileiro,
médicos da Indonésia fizeram uma avaliação psicológica em Rodrigo Gularte, o
paranaense que está no corredor da morte no país por tráfico de drogas. É uma
tentativa de convencer as autoridades asiáticas de que o jovem é
esquizofrênico. A Indonésia é um país formado por 17 mil ilhas. Berço de
diversos reinos budistas e hindus, o arquipélago já foi colônia da Holanda e do
Japão e hoje tem a maior população muçulmana proporcional do planeta. O
misticismo apresentado aos turistas serve para encobrir uma sociedade
conservadora e, muitas vezes, intolerante e fundamentalista. Manifestações de
muçulmanos radicais muitas vezes terminam em agressões a cristãos, minoria no
país. Pode até parecer contraditório, mas o uso e a venda de entorpecentes são
tão comuns na Indonésia, que adota a pena capital, quanto em países como o
Brasil, onde traficantes e usuários tem penas brandas. As duras leis
historicamente tem produzido dois efeitos: o preço exorbitante das drogas e os
ganhos estratosféricos dos traficantes que são bem-sucedidos - o que alimenta o
sonho de muitos criminosos.
Rota do tráfico
iniciada em Florianópolis
No começo da década passada, era nas praias de
Florianópolis que traficantes do Rio de Janeiro e de São Paulo vinham recrutar
mão de obra barata para atuar como mulas do tráfico internacional. Eles levavam
cocaína para a Europa e traziam ecstasy de lá. Eram chamados de cavalos, entre
si, porque todos eram filhos de classe média e não admitiam o uso da palavra
mula. Eles tinham acesso aos melhores restaurantes e viagens internacionais.
Alguns deles viviam de mesada e estavam buscando ali uma forma de obter um
valor elevado de uma maneira mais fácil. Devido ao perfil dos traficantes, a
investigação foi chamada de Operação Playboy: policiais se infiltraram em
festas de música eletrônica e conseguiram prender pequenos vendedores de
ecstasy. Dimitrius Papageorgiou, um dos principais recrutadores em
Florianópolis na época, foi quem pagou a viagem de Rodrigo Gularte para a
indonésia em 2004. O paranaense foi preso ao chegar em Jacarta com cocaína
dentro da prancha de surf, e agora está no corredor da morte. Marco Archer
também começou trabalhando para o greco-brasileiro, mas de olho nos lucros
decidiu tocar o negócio por conta própria, o que era bastante comum. O perfil,
era sempre o mesmo: garotões que levavam uma vida de luxos e exageros. Muitas
vezes, se apresentavam a sociedade como esportistas, mas na prática forneciam
drogas para diversos países. Marco Acher foi preso em 2004 em Bali, com cocaína
escondida na asa delta. Após diversos pedidos de clemência negados, foi
fuzilado no último dia 17. Já Dimitrius, foi preso e processado no Brasil. Entre
2003 e 2005, foram mais de 60 prisões em flagrante. Muitas células de
traficantes foram extintas, mas alguns envolvidos no esquema continuam em
atividade.
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