Nesses dias santos, tradições são
mantidas em municípios do Interior. O sertão se renova com as chuvas e as
manifestações folclóricas e de crendices e religiosidade popular. Na cidade de
Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará, nos bairros e nas vilas rurais, grupos
de caretas movimentam o cotidiano das pessoas, fazem barulho, pedem donativos
para o Sábado de Aleluia e impõem medo às crianças. Os caretas usam vestimentas
artesanais coloridas. São animados e a maior parte dos grupos é oriunda de
sítios próximos aos centros urbanos e de bairros da periferia. É a tradição
folclórica que é mantida durante a Semana Santa. Vestidos a caráter - rostos
encobertos com capuz, máscaras, saiotes de tecidos com cores variadas,
chocalhos, música e muito barulho, os brincantes saem em busca de esmolas nas
residências e lojas. O objetivo dos caretas é coletar gêneros alimentícios,
bebida e dinheiro para formar a tradicional brincadeira de malhação do Judas,
na noite do próximo Sábado de Aleluia, para a madrugada de Domingo de Páscoa, quando
os católicos celebram a Ressurreição de Jesus Cristo. Nas áreas rurais, eles
formam o chamado sítio, um espaço demarcado, onde as coletas são guardadas no
sábado à noite. Há o desafio de se tentar retirar qualquer produto desse
espaço. Os guardas perseguem os desafiadores até um determinado ponto, tentando
chicotear os que participam da brincadeira do furto de alimentos. Os grupos
formados por moradores da localidade de Tipis, no limite entre os municípios de
Iguatu e Acopiara, se destacam por estar bem vestidos, com chocalhos, e
acompanhados por músicos, sanfoneiro e zabumbeiro. Os caretas trazem animação
para as ruas da cidade e medo para as crianças. Os caretas mantêm viva a
tradição das comemorações profanas, populares e festivas, relacionada com a
malhação do Judas, no fim da Semana Santa.
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