Nada mais natural do que esticar
um produto que trouxe retorno financeiro e prestígio para prolongar o sucesso.
Foi exatamente isso o que a Record fez com Os Dez Mandamentos, mas exagerou na
dose. Na novela faraônica, que finalmente acaba nesta segunda (23), o
estica-e-puxa ficou cansativo. A falta de "desacontecimentos" da
história foi tão grande que, após a travessia do Mar Vermelho, a produção passou
a respirar por aparelhos. O público percebeu. Nesta semana, a trama não superou
a Globo em nenhum dia no Ibope. Antes, a novela bíblica enrolou como pôde para
mostrar as dez pragas que acometeram o Egito Antigo, o que não comprometeu sua
audiência, pelo contrário, só a fez crescer. Do ponto de vista comercial, foi
um feito louvável. Por outro lado, dramaturgicamente, a trama não apresentou
inovações e nem podia, visto que é engessada dentro do original da Bíblia. Na
cena da abertura do Mar Vermelho, que fez com a história atingisse seu recorde
de audiência e deixasse a Globo afogando no Ibope, a demora para mostrar as
águas se dividindo e a caminhada do povo hebreu foi tamanha que daria tempo de
abrir um oceano inteiro.
Exageros à parte, Os Dez
Mandamentos representa um ganho e ao mesmo tempo um desafio para a Record: a
audiência conquistada e aqui não só os números, mas a abrangência do público
geral foi um marco para a emissora e precisa ser mantida. Foi acertada a ideia
de criar uma “faixa bíblica” para o horário, mas completamente descabida a
alternativa encontrada, a de reprisar a minissérie Rei Davi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário