
A Justiça Militar
expediu 18 mandados de busca e apreensão contra policiais
A Corregedoria da Polícia Militar
de São Paulo prendeu na terça-feira (13) nove PMs acusados de formar uma
quadrilha que, ao lado de outros bandidos, praticava cinco tipos de crimes na
região de São Mateus, zona leste da capital. Os delitos investigados são roubo de
carros, extorsão, proteção a traficantes, tráfico e até "saidinha de
banco". Os suspeitos cumprem prisão administrativa. Os corregedores
pedirão a prisão preventiva nos próximos dias. Um policial civil e cinco informantes
também foram presos. As investigações começaram em março, depois que os
soldados Ricardo dos Santos Queiroz e Rodrigo Gibilisco do Nascimento, do 38º
Batalhão, em horário de serviço e fardados, roubaram um Citroën C4 de um homem
que iria trocar o veículo por um Honda Civic de um comerciante. Segundo a
Corregedoria, os PMs agiram com a ajuda do dono do Honda. Eles abordaram a
vítima e disseram que o Citroën estava irregular e iriam levá-lo para a
delegacia. A vítima seguiu com os policiais. No meio do caminho, foi obrigada a
descer e ficou a pé. O carro, que teria problemas de documentação, nunca mais
foi visto. A vítima denunciou o caso à Corregedoria. Na sequência, a Justiça
Militar autorizou a quebra do sigilo e o monitoramento telefônico dos dois
policiais. Foi aí que uma série de crimes foi descoberta e a investigação
constatou que eles faziam parte de uma "organização criminosa".
Crimes em série - O jornal
"O Estado de S. Paulo" teve acesso ao relatório da investigação. Em
26 de junho, o soldado Queiroz foi flagrado conversando com um criminoso
identificado como "Nariz", que seria um informante dos PMs. No
diálogo, eles combinam como vão abordar um outro homem, que tem passagens pela
polícia, para extorquir dinheiro. O soldado explica como fará a abordagem.
"Mano, tem que chegar escrachado. Você tá preso... tem vários BOs [boletim
de ocorrência] contra você". Três dias depois, o policial foi flagrado
pela Corregedoria da PM negociando proteção a um traficante. Na conversa, o
criminoso conta que conseguiu R$ 1.000, mas que está "no corre com outros
parceiros, pra ver se os cara me arruma um dinheiro ali também [sic]". No
dia 30, os PMs conversam com um policial civil do 69º DP (Teotônio Vilela),
identificado como Edson. Segundo as investigações, acertam como seria feito um
achaque contra um bandido indicado por "Nariz". O próprio
"Nariz", identificado como Marcelo Cardoso Barbosa, foi vítima de
extorsão por policiais militares do 9º Batalhão. O caso aconteceu na madrugada
de 7 de agosto. Segundo as investigações, seis policiais da Força Tática,
divididos em duas viaturas, o abordaram e apreenderam uma certa quantidade de
drogas. Para não prendê-lo, os PMs receberam duas armas e exigiram mais R$ 10
mil e uma pistola .40. Nas escutas telefônicas autorizadas pela Justiça
Militar, "Nariz" conversa com uma cúmplice para arrecadar o dinheiro
e também com os próprios policiais, que prometem deixá-lo "tranquilo".
Operação - A Corregedoria da
Polícia Militar, juntamente com os promotores do Grupo de Atuação Especial de
Controle Externo da Atividade Policial (Gecep), fizeram uma operação para
prender os suspeitos na manhã de terça-feira. A Justiça Militar expediu 18
mandados de busca e apreensão, incluindo o de vasculhar a casa dos policiais e
a residência de um ex-PM. A Justiça comum expediu mandados de prisão temporária
de cinco dias (prorrogáveis por mais cinco) contra o policial civil e mais
cinco suspeitos de serem informantes. Um PM não foi localizado na operação. O
policial civil foi levado para o Presídio Especial da corporação. Os policiais
militares cumprem prisão administrativa na Corregedoria. A pasta informou
também que as diligências continuam e outras informações não podem ser passadas
para não atrapalhar os trabalhos. O jornal O Estado de S. Paulo não localizou
os advogados dos suspeitos na terça-feira. As informações são do jornal "O
Estado de S. Paulo".
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