
O soldado Michel de
Lima Galvão, morto após ataque na UPP do Jacarezinho
Menos de um ano depois de entrar
para a Polícia Militar, o soldado Michel de Lima Galvão denunciou a falta de
condições de trabalho nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Uma gravação
do policial de 2015 mostra o claro descontentamento do agente com a falta de
munição e a desvantagem numérica e operacional no confronto com traficantes.
Para ele, o projeto das UPPs estava falido. O soldado foi morto na noite da
última terça-feira, durante um ataque do tráfico no Jacarezinho, na Zona Norte
da Cidade.
"Essa guerra não é nossa.
Governo falido, projeto falido. Estão colocando a gente dentro do morro para
morrer. A favela não é nossa casa. Ser policial não é ser guerrilheiro, não é
confrontar em desvantagem numérica, em desvantagem logística, em desvantagem
operacional", apela o soldado Galvão aos companheiros de tropa.
— A gente tem que ter amor pela
nossa vida (...) Não vamos querer dar uma de heróis. Não tem condições. O
armamento que a gente pega para subir o morro... Como é que pode? Na quarta-feira,
queriam que eu subisse o morro com uma pistola e dois carregadores de 15 tiros.
Não tinha munição, não tinha fuzil, não tinha carregador de pistola — gritava o
agente, que reclamou ainda de não ter recebido o salário daquele mês. O soldado
Galvão entrou para a PM em 2014.

LUTO NA PM - A Polícia Militar
colocou fitas pretas de luto em suas páginas nas redes sociais Twitter e
Facebook, após a morte do soldado. O agente chegou a ser levado para o Hospital
municipal Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu aos ferimentos. A morte dele
foi registrada na manhã de quarta-feira.
Segundo informações da assessoria
de imprensa das UPPs, os policiais estavam numa localidade conhecida apenas
como CRJ quando foram alvo dos disparos. Um outro soldado também foi ferido
durante o ataque. Ele está internado e passa bem. Com a morte de Michel, chega
a 24 o número de PMs mortos em 2017.
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