Delegado e inspetor da Polícia
Civil e servidora terceirizada da Delegacia Regional de Senador Pompeu, foram
afastados dos cargos e são alvos de investigação na Operação Data Venia. Os
três são suspeitos de ilegalidades como cobrança de valores indevidos de
fianças.
A ação é comandada pelo
Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), pela Promotoria de Justiça da
Comarca da Cidade, do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações
Criminosas (Gaeco) e do Núcleo de Investigação Criminal (Nuic), e pela
Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança (CGD).
Além do afastamento das funções,
delegado e inspetor, conforme assessoria da CGD, foram autuados em flagrante
por “posse e porte ilegal de arma de fogo e receptação”. De acordo com o
coordenador do Gaeco, promotor de Justiça Manoel Epaminondas, outros dois
funcionários da delegacia, que não foram afastados, também são investigados.
Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), tratam-se de um
escrivão e um servidor público. Uma ação penal deve ser apresentada pelo MPCE
nos próximos 15 dias.
“Vamos reunir provas já captadas
às que serão analisadas no material apreendido hoje (ontem) em pendrives,
computadores, documentos”, detalha o promotor. Mandados de busca e apreensão
foram cumpridos nas residências dos investigados em Senador Pompeu, Fortaleza e
Iguatu, além da delegacia.
Crimes - Entre os crimes
investigados, estaria a cobrança de valores de fiança além do que era
determinado, recebimento de dinheiro em troca da prestação de serviços típicos
da Polícia Civil e a utilização de métodos ilegais na investigação de crimes.
“Eles colocavam drogas em carro, como forma de forjar flagrantes”, explica o
promotor. A estratégia também seria usada para obter confissão forçada de
suspeitos.
São investigados crimes de
concussão (exigir vantagem em razão da função pública), corrupção passiva,
estelionato, usurpação de função pública, tráfico de drogas e fraude processual
qualificada.
Iniciada em janeiro, a
investigação partiu de denúncias feitas ao MPCE da Cidade. Indícios dos delitos
foram comprovados por interceptações telefônicas. Conforme o promotor, ainda
não é possível aferir o montante de dinheiro que teria sido receptado pelos
suspeitos, há quanto tempo aconteceriam os delitos e quantas pessoas teriam
sido vítimas das ações. “O que temos é que duas pessoas pagaram fianças e um
teve (foi vítima de) drogas plantadas”, conta Epaminondas.
Os três foram proibidos pelo juiz
Wildemberg Ferreira de Sousa, titular da Comarca de Senador Pompeu, de terem
acesso às dependências das delegacias vinculadas de Mombaça, Pedra Branca,
Solonópole, Deputado Irapuan Pinheiro, Milhã e Piquet Carneiro. O juiz também
determinou a proibição de qualquer contato dos investigados com os denunciantes
e decretou a quebra de sigilos fiscal e bancário de todos os investigados.
“Tomamos a decisão como forma de
preservar possíveis novas provas, inibir que haja retaliação às testemunhas e a
reiteração das práticas cujos indícios foram verificados nos autos. O
procedimento estava correndo em absoluto sigilo, mas já tomou uma repercussão
grande (na Cidade) e está causando surpresa”, detalha o juiz.
Em nota, a CGD explicou que o
caso será apurado também na seara disciplinar do órgão e não divulga nomes dos
envolvidos para preservar o sigilo do Inquérito Policial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário