Papa Francisco é
celebrado ao chegar a missa junto ao patriarca copta de Alexandria, Ibrahim
Isaac Sidrak (direita)
Sob esquema forte de segurança
pelas autoridades egípcias, o Papa Francisco celebrou uma missa para 15 mil
pessoas num estádio do Cairo, unindo fiéis e ainda bispos coptas e anglicanos.
Diante de um país sob ameaça do terrorismo e que recentemente teve 45 mortos em
ataques coordenados a igrejas, o Pontífice fez um apelo à união dos muçulmanos
contra o radicalismo islâmico e o fanatismo.
— A verdadeira fé nos leva a
proteger os direitos dos outros com o mesmo zelo e entusiasmo com os quais
defendemos nossos próprios direitos — disse o Papa diante da multidão.
A missa após uma sexta-feira de
encontros com líderes políticos e religiosos foi acompanhados por milhares de
fiéis com bandeiras do Vaticano e do Egito. Com proteção apurada, líderes
muçulmanos e de outras vertentes cristãs também acompanharam.
Francisco, por sua vez, decidiu
não usar um carro à prova de balas, optando por um modelo popular que costuma
usar.
— Deus se satisfaz apenas por uma
fé que é proclamada por nossas vidas, pois o único fanatismo que os crentes
podem ter é o da caridade, qualquer outro fanatismo não vem de Deus e não lhe agrada
— assegurou o Pontífice.
Contra a 'violência cometida em nome
de Deus'
Um dia antes, durante sua
primeira visita ao Egito, onde a minoria cristã local sofre constantes ataques,
Francisco denunciou a "violência cometida em nome de Deus", assim
como "o populismo que ameaça a paz".
— O sofrimento de vocês também é
o nosso sofrimento — declarou o Pontífice em discurso na sede da Igreja copta
ortodoxa diante do papa Teodoro II.
Os dois líderes religiosos
caminharam por 100 metros em procissão, cercados por guarda-costas e
dignatários, até a igreja de São Pedro e São Paulo, atingida em dezembro por um
atentado reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI). Francisco e Teodoro II
firmaram um acordo ecumênico para que os católicos que decidam abraçar a
tradição ortodoxa não sejam batizados novamente, antes de se sentarem próximo a
um altar e assistirem uma cerimônia na qual um coro entoou cânticos religiosos.
O Papa se deteve para observar
uma muralha que ainda conserva os restos de sangue do atentado, e acendeu uma
vela diante de um memorial com os rostos das vítimas. Após chegar no início da
tarde à capital egípcia, o papa pronunciou um discurso durante uma conferência
organizada pela instituição sunita al-Azhar.
Sob forte esquema de segurança, a
visita do Pontífice acontece três semanas após os dois atentados de 9 de abril
contra igrejas coptas ortodoxas. Reivindicados pelo EI, os ataques deixaram 45
mortos.
— Nenhuma violência pode ser
cometida em nome de Deus, porque profanaria Seu nome — declarou o Papa.
Para essa primeira visita do Papa
ao mais populoso dos países árabes, que segue em estado de emergência,
policiais e militares eram onipresentes nas ruas da capital egípcia. Os
arredores da Nunciatura Apostólica, onde o papa deve ficar hospedado, foram
fechadas ao tráfego nesta sexta-feira. E, perto da catedral, sede da Igreja
ortodoxa copta, tanques estavam estacionados.
A viagem de Francisco é a segunda
de um Papa ao Egito contemporâneo, após a de João Paulo II em 2000. A visita do
papa ao Cairo tem como objetivo, em especial, consolidar as relações entre
Al-Azhar e o Vaticano, tensas desde 2006, em razão das polêmicas declarações do
papa Bento XVI, associando o Islã à violência.
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