quinta-feira, 29 de junho de 2017

'BATALHÃO DA PROPINA' - Sargento famoso por rigor recebia R$ 1 mil por semana de criminosos

Sargento PM Oliveira, tido como duro no combate ao crime: para o tráfico, era o Sobrancelhudo, que recebia propina de R$ 1 mil semanais (Foto: Reprodução/TV Globo)
Sargento PM Oliveira, tido como duro no combate ao crime: para o tráfico, era o Sobrancelhudo, que recebia propina de R$ 1 mil semanais

Reconhecido pela postura orgulhosa de seu ofício e pela dureza no combate ao crime, o sargento da PM André Luiz de Oliveira era, para os criminosos, o Sobrancelhudo. Preso nesta quinta-feira (29), ele era um dos alvos da maior operação de combate à corrupção policial da história do estado, que começou na madrugada, na Região Metropolitana do Rio, a operação Calabar.
Oliveira é um dos 96 policiais militares suspeitos de formar um batalhão paralelo, o "batalhão da propina". Todos estão ou já estiveram lotados no 7º BPM (São Gonçalo) entre 2014 e 2016. De acordo com as investigações da Polícia Civil e do Ministério Público, o esquema movimentava R$ 1 milhão por mês.
E entre as conclusões do inquérito, algumas chamam bastante a atenção. Uma delas: os PMs do 7º BPM deixavam o tráfico de drogas atuar com total liberdade, dentro da lógica de que, quanto mais os bandidos lucram, mais propina pagam. Os policiais também faziam vista grossa para o tráfico de armas.
As investigações revelaram que, para não levantar suspeitas, policiais e traficantes combinavam algumas apreensões de drogas, para que os PMs pudessem apresentar alguma produtividade. Em quase 30 favelas de São Gonçalo havia pagamento de propinas, mas três delas se destacam no "ranking do arrego": Salgueiro, onde os policiais cobravam R$ 196 mil por mês, Martins Viana, com R$ 86 mil, e Jardim Catarina, com R$ 76 mil mensais.
Havia também cobranças mais individuais, como a da patrulha do sargento Oliveira, o Sobrancelhudo, que arrecadava R$ 1 mil por semana. O dinheiro era entregue em muitos lugares e de diversas formas: em padarias, na frente de viadutos, dentro do batalhão, escondido em copos de refresco. Depois de recolhida, a propina era distribuída para os diferentes setores do batalhão.

Foto: (Reprodução/TV Globo)

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