Sargento PM Oliveira,
tido como duro no combate ao crime: para o tráfico, era o Sobrancelhudo, que
recebia propina de R$ 1 mil semanais
Reconhecido pela postura
orgulhosa de seu ofício e pela dureza no combate ao crime, o sargento da PM
André Luiz de Oliveira era, para os criminosos, o Sobrancelhudo. Preso nesta
quinta-feira (29), ele era um dos alvos da maior operação de combate à
corrupção policial da história do estado, que começou na madrugada, na Região
Metropolitana do Rio, a operação Calabar.
Oliveira é um dos 96 policiais
militares suspeitos de formar um batalhão paralelo, o "batalhão da
propina". Todos estão ou já estiveram lotados no 7º BPM (São Gonçalo)
entre 2014 e 2016. De acordo com as investigações da Polícia Civil e do
Ministério Público, o esquema movimentava R$ 1 milhão por mês.
E entre as conclusões do
inquérito, algumas chamam bastante a atenção. Uma delas: os PMs do 7º BPM
deixavam o tráfico de drogas atuar com total liberdade, dentro da lógica de
que, quanto mais os bandidos lucram, mais propina pagam. Os policiais também
faziam vista grossa para o tráfico de armas.
As investigações revelaram que,
para não levantar suspeitas, policiais e traficantes combinavam algumas
apreensões de drogas, para que os PMs pudessem apresentar alguma produtividade.
Em quase 30 favelas de São Gonçalo havia pagamento de propinas, mas três delas
se destacam no "ranking do arrego": Salgueiro, onde os policiais
cobravam R$ 196 mil por mês, Martins Viana, com R$ 86 mil, e Jardim Catarina,
com R$ 76 mil mensais.
Havia também cobranças mais
individuais, como a da patrulha do sargento Oliveira, o Sobrancelhudo, que
arrecadava R$ 1 mil por semana. O dinheiro era entregue em muitos lugares e de
diversas formas: em padarias, na frente de viadutos, dentro do batalhão,
escondido em copos de refresco. Depois de recolhida, a propina era distribuída
para os diferentes setores do batalhão.
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