quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Delação premiada de português incriminou delegados e policiais da Denarc

Carlos Miguel de Oliveira Pinheiro acusou os policiais da Denarc de extorsão e outros crimes

A delação premiada de um português, apontado como traficante de anabolizantes importados, foi a “peça-chave” para que a Justiça Federal no Ceará autorizasse a Polícia Federal  deflagrar, na manhã desta quarta-feira (6),  a “Operação Vereda” e desarticulasse uma suposta organização criminosa formada por delegados  e policiais civis cearenses, todos lotados na Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD),  conhecida como Delegacia de Narcóticos, ou Denarc.
Três delegados e sete policiais civis (inspetores e escrivães) foram afastados das funções e conduzidos coercitivamente à sede da Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (6). No total, 23 policiais civis são suspeitos de terem formado uma quadrilha que extorquia traficantes de anabolizantes estrangeiros importados para venda em Fortaleza.
Os delegados Patrícia Bezerra (diretora da DCTD), Lucas Aragão e Anna Cláudia Nery  (adjuntos) foram conduzidos coercitivamente para a sede da PF  no começo da manhã. As residências deles e dos demais investigados foram cercadas por agentes da PF por volta de 6 horas. Simultaneamente a esta ação, outros federais invadiam a sede da Divisão para cumprir mandado de busca e apreensão.
No total, a 12ª Vara da Justiça Federal no Ceará expediu 27 mandados de busca e apreensão, 25 de condução coercitiva (os investigados são levados à presença da autoridade policial ou da Justiça), 10 de afastamento das funções (com o recolhimento de armas, distintivos e identidade funcional), além de seis remoções compulsórias de policiais para outras unidades da Polícia Civil, onde deverão cumprir somente atividades administrativas.

Delação - A deleção premiada foi feita ao Ministério Público Federal (MPF) pelo português Carlos Miguel de Oliveira Pinheiro, 43 anos, natural de Lisboa, residente em Fortaleza no bairro Aldeota. Nos últimos dois anos, ele foi preso, em flagrante duas vezes pelos policiais da DCTD, acusado de vender anabolizantes em academias de ginástica em bairros nobres da Capital, como Aldeota, Papicu e Dionísio Torres. Os consumidores eram jovens de classe média e alta que podiam pagar caro pelos medicamentos importados da Europa pelo português.
Na delação premiada, Carlos Miguel teria revelado ao Ministério Público que estaria sofrendo ameaças e extorsão por parte dos policiais e delegados da DCTD. Por conta disso, o MPF requisitou à PF a instauração de um inquérito para apurar se o que Carlos Miguel falava era verdade ou não.
Desde então, de forma sigilosa, os delegados, escrivães e inspetores da Divisão passaram a ser monitorados pelos “federais”. Mensagens trocadas através do aplicativo WathsApp revelaram supostos indícios da existência da quadrilha.
Os policiais e delegados são suspeitos da prática dos seguintes crimes, conforme o Ministério Público Federal: comercialização ilegal de anabolizantes, peculato, concussão, corrupção passiva, tráfico de drogas e associação criminosa.
A operação da PF realizada hoje cumpriu mandados judiciais em Fortaleza, Caucaia e Eusébio, nas residências dos policiais e delegados. Um efetivo de 150 agentes foi mobilizado para cumprir os mandados da Justiça Federal. A operação teve também o acompanhamento de representantes da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e da Delegacia Geral da Polícia Civil

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