
Carlos Miguel de
Oliveira Pinheiro acusou os policiais da Denarc de extorsão e outros crimes
A delação premiada de um
português, apontado como traficante de anabolizantes importados, foi a
“peça-chave” para que a Justiça Federal no Ceará autorizasse a Polícia
Federal deflagrar, na manhã desta
quarta-feira (6), a “Operação Vereda” e
desarticulasse uma suposta organização criminosa formada por delegados e policiais civis cearenses, todos lotados na
Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD),
conhecida como Delegacia de Narcóticos, ou Denarc.
Três delegados e sete policiais
civis (inspetores e escrivães) foram afastados das funções e conduzidos
coercitivamente à sede da Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (6). No
total, 23 policiais civis são suspeitos de terem formado uma quadrilha que
extorquia traficantes de anabolizantes estrangeiros importados para venda em
Fortaleza.
Os delegados Patrícia Bezerra (diretora
da DCTD), Lucas Aragão e Anna Cláudia Nery
(adjuntos) foram conduzidos coercitivamente para a sede da PF no começo da manhã. As residências deles e
dos demais investigados foram cercadas por agentes da PF por volta de 6 horas.
Simultaneamente a esta ação, outros federais invadiam a sede da Divisão para
cumprir mandado de busca e apreensão.
No total, a 12ª Vara da Justiça
Federal no Ceará expediu 27 mandados de busca e apreensão, 25 de condução
coercitiva (os investigados são levados à presença da autoridade policial ou da
Justiça), 10 de afastamento das funções (com o recolhimento de armas,
distintivos e identidade funcional), além de seis remoções compulsórias de
policiais para outras unidades da Polícia Civil, onde deverão cumprir somente
atividades administrativas.
Delação - A deleção premiada foi
feita ao Ministério Público Federal (MPF) pelo português Carlos Miguel de
Oliveira Pinheiro, 43 anos, natural de Lisboa, residente em Fortaleza no bairro
Aldeota. Nos últimos dois anos, ele foi preso, em flagrante duas vezes pelos
policiais da DCTD, acusado de vender anabolizantes em academias de ginástica em
bairros nobres da Capital, como Aldeota, Papicu e Dionísio Torres. Os
consumidores eram jovens de classe média e alta que podiam pagar caro pelos medicamentos
importados da Europa pelo português.
Na delação premiada, Carlos
Miguel teria revelado ao Ministério Público que estaria sofrendo ameaças e
extorsão por parte dos policiais e delegados da DCTD. Por conta disso, o MPF
requisitou à PF a instauração de um inquérito para apurar se o que Carlos Miguel
falava era verdade ou não.
Desde então, de forma sigilosa,
os delegados, escrivães e inspetores da Divisão passaram a ser monitorados
pelos “federais”. Mensagens trocadas através do aplicativo WathsApp revelaram
supostos indícios da existência da quadrilha.
Os policiais e delegados são
suspeitos da prática dos seguintes crimes, conforme o Ministério Público
Federal: comercialização ilegal de anabolizantes, peculato, concussão,
corrupção passiva, tráfico de drogas e associação criminosa.
A operação da PF realizada hoje
cumpriu mandados judiciais em Fortaleza, Caucaia e Eusébio, nas residências dos
policiais e delegados. Um efetivo de 150 agentes foi mobilizado para cumprir os
mandados da Justiça Federal. A operação teve também o acompanhamento de
representantes da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) e da
Delegacia Geral da Polícia Civil
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