As mais de cinco mil pessoas executadas no Ceará, em 2017,
foi impulsionada pela briga entre a facção local Guardiões do Estado (GDE) e a
facção carioca Comando Vermelho (CV). O tráfico é o maior motivador das mortes.
Descendente da “Falange Vermelha”, o Comando Vermelho foi
criado no ano de 1979, na prisão Cândido Mendes, na Ilha Grande, Angra dos
Reis, Rio de Janeiro, por Rogério Lemgruber. A facção, dentro de um presídio
que custodiava presos comuns e presos políticos, foi ganhando força e na década
de 1980 já era a maior do País. A expansão do CV fez com que a facção se
instalasse em vários Estados brasileiros, inclusive no Ceará.
O Comando Vermelho foi a primeira organização criminosa de
grande porte a cometer crimes planejados no Estado, quando, em 1986, atacou a
loja King Joias, no Centro de Fortaleza. Já nos anos 1990, o então líder da
facção, “Fernandinho Beira-Mar”, esteve pessoalmente no Estado e inseriu uma
próspera rota de tráfico internacional de drogas, utilizada até hoje por
grandes grupos criminosos. “Beira-Mar” via o Ceará como uma saída ideal para
escoar cocaína para a Europa e para os Estados Unidos da América (EUA).
Disputas pelo tráfico - Em 2017, contudo, ocorreu um
acirramento entre as facções criminosas a nível nacional. Uma reorganização
desses grupos, fez com que às alianças firmadas há anos entre Comando Vermelho
e Primeiro Comando da Capital (PCC) – facção paulista – fosse desfeita. No
Ceará, a CV se aproximou da organização manauara Família do Norte (FDN) e se
tornou uma coadjuvante no domínio do tráfico local.
Segundo informou uma fonte de um setor de Inteligência da
Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSDPS), a princípio, o CV
tinha muita gente no Ceará, porque não era exigente com a entrada de novos
membros, como ocorre com o PCC. De acordo com a fonte da SSDPS, a GDE foi
criada e logo tomou membros e áreas dominadas pelo CV. Não se pode, contudo,
conforme essa fonte, considerar o Comando Vermelho inexpressivo no Ceará, mesmo
que ela não tenha um poder de organização como o Primeiro Comando da Capital,
nem o poder de fogo dos Guardiões do Estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário