As investigações da Controladoria
tramitam em sigilo
A Delegacia de Assuntos Internos
da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da Segurança Pública e do
Sistema Penitenciário do Ceará (DAI/CGD) investiga, ao menos, três casos de
episódios de ações desastrosas da Polícia Militar, fatos ocorridos nos últimos
dois meses e que resultaram na morte de três pessoas, entre elas, uma criança.
Os investigadores aguardam da Perícia Forense laudos conclusivos sobre dois dos
três casos. O terceiro episódio já está praticamente esclarecido e aponta PMs
como responsáveis pela morte de uma criança.
O primeiro caso investigado diz
respeito à morte do garoto José Isaac Santiago da Silva. Na tarde do dia 25 de
abril, ele foi baleado por PMs que cercavam a residência onde morava a família
do menino no bairro Bom Jardim. A casa,
localizada na Favela do Urubu, estaria servindo de ponto de venda de drogas e
esconderijo de armas e munição de bandidos de uma facção. Na tentativa de
prender uma tia do garoto, que seria integrante de uma facção criminoso, os PMs
cercaram o local.
Houve uma troca de tiros no local
e o garoto acabou baleado e morto. No começo da semana, a Perícia Forense do
Estado (Pefoce) concluiu o laudo de exame balístico que comprovou que o tiro
foi disparado por uma pistola de calibre Ponto 40 (.40) pertencente ao acervo
da PM. O laudo agora será anexado ao
inquérito policial a ser encaminhado à Justiça.
Baleado no carro - O
segundo caso diz respeito à morte do jovem Wellington Matias de Sousa, 33 anos,
que foi atingido por um tiro durante uma perseguição policial no bairro
Demócrito Rocha, na manhã de 6 de maio. O rapaz dirigia seu veículo quando
ficou na linha de fogo entre bandidos que fugiam em um carro roubado e policiais
de uma patrulha da PM.
Wellington foi atingido por uma
bala que foi disparada de uma arma longa, provavelmente, uma carabina de
calibre Ponto 40. O projétil penetrou na tampa do porta-malas, transfixou os
bancos traseiro e dianteiro e atingiu as costas de Wellington, que morreu pouco
tempo depois no Instituto Doutor José Frota (IJF-Centro). O laudo pericial sobre a origem do tiro ainda
não foi concluído.
Abordagem desastrosa - O
terceiro caso teve como vítima a administradora de empresas Gisele Távora
Araújo, 42 anos, também baleada por policiais militares na rua. O fato ocorreu
na noite do último dia 13 na Cidade dos Funcionários. Gisele dirigia seu
veículo e estava na companhia da filha de 19 anos, quando o carro dela teria,
supostamente, sido confundido por PMs com outro automóvel com as mesmas
características, roubado na região.
A filha conta que a mãe não
percebeu que estavam sendo seguidas pela Polícia. Policiais militares em
motocicletas tentaram abordar o automóvel e um deles disparou vários tiros de
uma arma de calibre Ponto 40 (0.40). Um dos disparos atingiu Gisele, que chegou
a ser encaminhada ao hospital (IJF) e morreu horas depois. O policial responsável pelos disparos se
apresentou à Polícia Civil e, depois, prestou depoimento na Controladoria Geral
de Disciplina (CGD), que instaurou a apuração.
Os três episódios colocaram em
xeque a formação dos policiais militares cearenses. A direção da Academia
Estadual de Segurança Pública (Aesp), contestou esse questionamento e informou
que os profissionais são submetidos a uma rigorosa formação profissional que
inclui disciplinas relativas à abordagens policiais.
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