sábado, 22 de setembro de 2018

QUEDA NA PRODUÇÃO - Sem água, perímetros irrigados agonizam no Interior do Estado

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Muitos pivôs de irrigação estão abandonados e enferrujados

A redução da oferta de água para os perímetros irrigados Jaguaribe - Apodi e Tabuleiro de Russas provocou uma situação de crise, agravada nos últimos dois anos: queda significativa da produção de grãos, fruteiras, leite, capim e sementes. Mais da metade das áreas de cultivo e pivôs de irrigação estão abandonados. Milhares de trabalhadores perderam o emprego no campo.
A diminuição das áreas de produção agrícola afeta a vida dos produtores rurais de culturas permanentes (frutíferas), que perderam receita, em pelo menos 50%. Aqueles que mantinham lavoura temporária (milho, feijão, mandioca) ficaram ociosos, enfrentando dificuldades de sobrevivência com a falta de renda familiar.
A crise hídrica atinge também famílias de pequenos produtores no Vale do Baixo Jaguaribe com a escassez de água para o consumo em várias comunidades e para a produção agropecuária. É um problema grave que vai muito além dos perímetros irrigados.
O fornecimento de água para os lotes passou a ser feito em dias alternados. Vários produtores perfuraram por conta própria poços na esperança de manter a safra de culturas permanentes, mas muitos deles já secaram ou estão com vazão insuficiente e foram abandonados.
Quem visita os projetos de irrigação assusta-se com a mudança verificada a partir de 2014 mediante o atual ciclo de chuvas abaixo da média no Ceará, que já perdura por sete anos.
O principal fornecedor de água é o Açude Castanhão por meio de liberação para o Rio Jaguaribe. O reservatório no ano passado chegou a 2,2% de sua capacidade e atualmente está com 6,4%. O reservatório, o maior do Ceará, tem o papel de atender demandas do Médio e Baixo Jaguaribe e da Região Metropolitana de Fortaleza.
Há quatro anos que mais de 150 produtores estão sem produzir nada, sem receita mensal e tendo que sobreviver trabalhando em outras atividades ou em áreas fora do perímetro.
Implantado em 1988 pelo Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), o Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi tem 324 lotes, cuja área varia entre 4 a 16 hectares. Inicialmente, a irrigação era feita por liberação de água do Açude Orós. Com a construção do Castanhão, esse reservatório passou a atender a demanda.
Em 30 anos, houve um aumento de áreas irrigadas em outros municípios por iniciativa dos produtores, ocorreu a implantação do projeto de irrigação Tabuleiro de Russas (2004), criatórios de camarão e aumento do consumo de água na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), incluindo o Porto do Pecém, com termoelétrica e a siderúrgica. Tudo isso gerou aumento da demanda por água.
Os produtores rurais e integrantes dos Comitês de Bacia Hidrográficas (Banabuiú, Jaguaribe e Salgado) reclamam em cada reunião a necessidade de medidas compensatórias por causa da retirada de água para a RMF.

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