Muitos pivôs de irrigação estão
abandonados e enferrujados
A redução da oferta de água para
os perímetros irrigados Jaguaribe - Apodi e Tabuleiro de Russas provocou uma
situação de crise, agravada nos últimos dois anos: queda significativa da
produção de grãos, fruteiras, leite, capim e sementes. Mais da metade das áreas
de cultivo e pivôs de irrigação estão abandonados. Milhares de trabalhadores
perderam o emprego no campo.
A diminuição das áreas de
produção agrícola afeta a vida dos produtores rurais de culturas permanentes
(frutíferas), que perderam receita, em pelo menos 50%. Aqueles que mantinham
lavoura temporária (milho, feijão, mandioca) ficaram ociosos, enfrentando dificuldades
de sobrevivência com a falta de renda familiar.
A crise hídrica atinge também
famílias de pequenos produtores no Vale do Baixo Jaguaribe com a escassez de
água para o consumo em várias comunidades e para a produção agropecuária. É um
problema grave que vai muito além dos perímetros irrigados.
O fornecimento de água para os
lotes passou a ser feito em dias alternados. Vários produtores perfuraram por
conta própria poços na esperança de manter a safra de culturas permanentes, mas
muitos deles já secaram ou estão com vazão insuficiente e foram abandonados.
Quem visita os projetos de
irrigação assusta-se com a mudança verificada a partir de 2014 mediante o atual
ciclo de chuvas abaixo da média no Ceará, que já perdura por sete anos.
O principal fornecedor de água é
o Açude Castanhão por meio de liberação para o Rio Jaguaribe. O reservatório no
ano passado chegou a 2,2% de sua capacidade e atualmente está com 6,4%. O
reservatório, o maior do Ceará, tem o papel de atender demandas do Médio e Baixo
Jaguaribe e da Região Metropolitana de Fortaleza.
Há quatro anos que mais de 150
produtores estão sem produzir nada, sem receita mensal e tendo que sobreviver
trabalhando em outras atividades ou em áreas fora do perímetro.
Implantado em 1988 pelo Departamento
Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), o Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi
tem 324 lotes, cuja área varia entre 4 a 16 hectares. Inicialmente, a irrigação
era feita por liberação de água do Açude Orós. Com a construção do Castanhão,
esse reservatório passou a atender a demanda.
Em 30 anos, houve um aumento de
áreas irrigadas em outros municípios por iniciativa dos produtores, ocorreu a
implantação do projeto de irrigação Tabuleiro de Russas (2004), criatórios de
camarão e aumento do consumo de água na Região Metropolitana de Fortaleza
(RMF), incluindo o Porto do Pecém, com termoelétrica e a siderúrgica. Tudo isso
gerou aumento da demanda por água.
Os produtores rurais e
integrantes dos Comitês de Bacia Hidrográficas (Banabuiú, Jaguaribe e Salgado)
reclamam em cada reunião a necessidade de medidas compensatórias por causa da
retirada de água para a RMF.
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