Carro foi alvo de disparos de
policiais militares em Cubatão
A família do serralheiro Jonathan
Sales de Araújo, de 23 anos, alega que ele foi vítima de uma ação criminosa de
policiais militares, que o balearam duas vezes em Cubatão (SP). O rapaz, que
tem passagem criminal, conduzia um veículo no qual transportava dois enteados,
uma adolescente de 15 anos e um menino de 10. O carro foi alvejado, segundo a
polícia, após o condutor não atender a uma ordem de parada. A Corregedoria da
PM apura o ocorrido.
Para a Polícia Militar, foi um
caso de desobediência, ocorrido na última sexta-feira (12), no qual Jonathan
disparou contra as equipes que tentaram abordá-lo. Por isso, o carro teria sido
alvo de tiros, que atingiram o serralheiro. O veículo estava com as placas clonadas,
e o chassi do automóvel apontava queixa de furto.
A adolescente e a criança não se
feriram, mas foram algemadas. Jonathan foi preso em flagrante por receptação e,
no boletim de ocorrência, a Delegacia Sede da cidade, afirmou que não havia
"prova material" de que o serralheiro havia feito disparos. Nenhuma
arma foi encontrada.
A defesa que representa a
família, pediu à Justiça a liberdade provisória do cliente, por acreditar que
ele tenha sido vítima de uma "cena forjada da polícia". No
entendimento do defensor, com base no relato dos envolvidos, a "ação
desproporcional" poderia ter vitimado os menores.
"Os policiais dispararam
cinco vezes, sem que houvesse qualquer tipo de reação. Jonathan, sem arma,
parou o carro, obedecendo a ordem, e mesmo assim foi baleado duas vezes no
desembarque. O menino, que estava no banco de trás, está em estado de choque, e
a adolescente muito assustada. Eles foram algemados. É algo inadmissível".
Caso foi registrado no plantão da
Delegacia Sede de Cubatão
O serralheiro relatou que
percebeu quando os policiais se preparavam para alterar o local da abordagem.
"Ele disse que ouviu quando os PMs conversaram entre si para que fosse
'arranjada' uma arma para deixar com ele. Mas aquela movimentação chamou a
atenção, e já tinha muita gente olhando".
A defesa ainda questiona o
atendimento prestado pelos médicos do Hospital de Cubatão, que, ainda segundo o
cliente, foram pressionados pelos policiais para que dessem alta, mesmo sem ele
ter condições. "Jonathan está com balas alojadas, pois pediram para
liberá-lo, porque ele não mereceria o procedimento".
A Secretaria de Saúde de Cubatão
informou que Jonathan deu entrada no Pronto Socorro Central, mas, após
atendimento na emergência, foi levado ao Hospital de Cubatão, que é
administrado pela Fundação São Francisco Xavier. A transferência ocorreu em
razão da gravidade do quadro e pela necessidade de cirurgia.
Veículo que Jonathan dirigia foi
alvo de disparos de policiais militares em Cubatão
A fundação, porém, nega que o
serralheiro precisasse passar por qualquer cirurgia. "Recebeu atendimento
e toda a assistência médica necessária, evoluindo bem e sem a necessidade de
internação ou procedimento cirúrgico, e recebeu alta hospitalar", declarou
a entidade. A liberação ocorreu na madrugada de sábado (13).
No boletim de ocorrência
registrado na delegacia, Jonathan de Araújo foi indiciado por receptação,
desobediência e lesão corporal em decorrência de intervenção policial. Ferido,
o rapaz, que já tem passagem por receptação e uso de documento falso, permanece
preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) da região.
Por meio de nota, a Secretaria de
Segurança Pública de São Paulo informou que o caso está em investigação pelo 1º
Distrito Policial de Cubatão. A pasta também esclareceu que a Corregedoria da
Polícia Militar, assim como em qualquer situação com intervenção, acompanha o
caso e, se houver irregularidade, agirá.
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