A garapa em fogo a todo vapor é
transformada nos doces apreciados pelos sertanejos - A rapadura, batida e
alfenim
Os sucessivos anos de chuvas
abaixo da média contribuem para a significativa queda na safra da
cana-de-açúcar. Sem matéria-prima, os engenhos não têm como transformar a
garapa em doces apreciados pelos sertanejos: a rapadura, batida e alfenim.
Outro entrave é o elevado custo de produção e baixo valor de venda dos produtos
derivados.
A família Rufino, proprietária do
engenho, se esforça para manter viva a tradição da moagem. Fogo a todo vapor,
tachos cheios de mel cozinhado. É sempre assim quando tem moagem de
cana-de-açúcar no engenho do sítio Junco.
O método de produção é
centenário. O engenho dos Rufinos foi construído há mais de cem anos. O
trabalho começa pela madrugada, por volta das 3h. "Uma turma vai para o
corte da cana, outra fica preparando o fogo, limpando os tachos, deixando tudo
no ponto para começar a moagem", explica o agricultor, Francisco Rufino,
86 anos.
No passado, sem energia elétrica
e equipamentos modernos, Francisco Rufino lembra que a moagem era feita com
juntas de bois. "Começava às 10 horas da noite e seguia o dia inteiro. Hoje
está moderno e mais prático, mas ainda exige muito trabalho e disposição".
Estiagem - Rufino lamenta
a falta de chuva nos últimos anos que vem refletindo diretamente na queda da
safra e da redução da moagem. "Antes, funcionava o mês inteiro, agora só uma
vez". O agricultor aposentado continua na atividade, tocando com os filhos
o engenho da família.
Dia de moagem, aliás, é de festa
na localidade. No entorno do engenho, o cheiro forte da garapa cozida se
espalha e é um convite para apreciar como é feito o trabalho e degustar os
doces.
Preferência - O curioso é
que os consumidores locais preferem comprar mais o mel de engenho e o alfenim à
rapadura. Quando a safra de cana-de-açúcar é maior é possível produzir todos os
derivados.
A falta de cana-de-açúcar
inviabiliza os engenhos. Até na região do Cariri, essas unidades praticamente
desapareceram. A rapadura consumida em grande parte do Ceará vem de Santa Cruz
do Capiberibe, em Pernambuco.
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