
Durante quase três horas, o
ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva prestou depoimento na sede da Justiça
Federal, em Curitiba, no processo da Lava Jato que investiga reformas feitas no
sítio de Atibaia, em São Paulo. Lula é réu na ação penal. O interrogatório -
realizado pela juíza federal Gabriela Hardt, substituta do juiz Sérgio Moro -
começou por volta de 15h (horário de Brasília).
Foi a primeira vez que Lula
deixou a Superintendência desde que foi detido, em abril, onde cumpre pena de
12 anos e 1 mês de prisão pela condenação no caso do triplex em Guarujá (SP).
Nesse processo, o ex-presidente foi condenado por corrupção passiva e lavagem
de dinheiro.
Logo no início, houve um
desentendimento entre o ex-presidente e a juíza, quando Lula indagou: "Doutora,
eu só queria perguntar para o meu esclarecimento. Eu sou o dono do sítio ou
não. Porque eu estou disposto a responder toda e qualquer pergunta. Eu sou dono
do sítio ou não".
“Isso o senhor que tem que
responder e eu não estou sendo interrogada nesse momento”, disse a
juíza. Diante da resposta, o ex-presidente insistiu afirmando que quem tem de
responder é quem o acusou. “Senhor ex-presidente, esse é um
interrogatório e se o senhor começar nesse tom comigo, a gente vai ter
problema”, retrucou a juíza. No início dos trabalhos, ela já havia
esclarecido que o processo investigava reformas no sítio, e não a propriedade.
Em seguida, Lula negou ter sido
dono do sítio, afirmou que quis comprar o imóvel, mas o proprietário recusou a
venda.
De acordo com denúncia do
Ministério Público Federal (MPF), o ex-presidente recebeu propina do Grupo
Schain, de José Carlos Bumlai, e das construtoras OAS a Odebrecht por meio da
reforma e decoração no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), que frequentava
com a família. O processo tem 12 pessoas réus, incluindo Bumlai.
Os procuradores do MPF afirmam,
no processo, que os valores foram repassados ao ex-presidente em reformas
realizadas no sítio, totalizando R$ 1,02 milhão. José Carlos Bumlai teria
ajudado no repasse de propina no valor de R$ 150 mil ao ex-presidente.
Ex-executivos da Odebrecht confirmaram que a empresa bancou parte das obras.
Lula negou as acusações
afirmando, uma vez mais, não ser o dono do imóvel, que está no nome do
empresário Jorge Bittar, sócios de um dos filhos do ex-presidente. Com os
depoimentos do pecuarista José Carlos Bumlai e de Lula, nesta quarta-feira, a
ação segue para a fase final.
Nenhum comentário:
Postar um comentário