quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

TRAGÉDIA EM MILAGRES - PMs que participaram de operação se contradizem

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A Polícia Civil e a PRF não foram informadas sobre a ofensiva militar

Vários questionamentos sobre a atuação policial, na operação que culminou na morte de 14 pessoas (inclusive seis reféns), no Município de Milagres, continuam ecoando no imaginário da sociedade. Os depoimentos de policiais militares do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) que participaram do tiroteio ainda não são conclusivos. Pelo contrário, os testemunhos dos PMs se contradizem.

Um major (identidade preservada) afirmou que os mortos foram identificados somente após o combate ter cessado.

Cinco pessoas que morreram na calçada lateral da agência bancária do Bradesco seriam reféns. Apesar de não identificar quem era assaltante ou refém (ou mesmo se havia refém), o oficial defendeu que esses reféns não foram assassinados por policiais militares. Segundo ele, essas vítimas se localizavam em posição que não havia como serem alvejadas pela Polícia, pois a equipe vinha em progressão pela lateral do Banco do Brasil, ou seja, sequer houve contato visual.

O major acrescenta que outros dois reféns, que estavam na lateral do Banco do Brasil, foram prontamente identificados nessa situação pela patrulha, que verbalizou para que deitassem no chão como proteção para os tiros.

Já um capitão da Polícia Militar garantiu, em depoimento, que, já no fim do confronto, em frente aos bancos, foi possível identificar a presença de dois reféns com a quadrilha e que assaltantes atiraram contra os mesmos. A fala contradiz tudo o que foi dito até o momento. O próprio titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa, colocou que os policiais desconheciam a presença de reféns.


Efetivo - Doze policiais militares do Gate participaram da operação que terminou de forma trágica. Nenhum outro batalhão especial da Polícia Militar esteve presente no tiroteio, nem os PMs da região. A Polícia Civil e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) não foram informadas sobre a ofensiva militar. Decisões que até hoje, 12 dias depois, ainda não foram explicadas pelas autoridades.

Dois policiais - um sargento e um cabo - eram atiradores de elite (snipers), que estavam na posse de fuzis AR-10, que precisam de um apoio físico para atirar. Os outros dez militares também portavam fuzis, do calibre 5.56. Todos ainda portavam pistolas 9 mm.

O capitão que prestou depoimento à Polícia Civil contou que três equipes do Grupo de Ações Táticas Especiais foram deslocadas para uma suspeita de tentativa de assalto a instituição financeira, sem saber onde aconteceria a ação criminosa. Os policiais só souberam que o crime se daria em Milagres ao passarem pelo Município e ouvirem os sons dos tiros, segundo ele.

O militar informou ainda que havia cerca de 30 criminosos, armados de fuzis. O avanço policial teria sido freado pelos disparos do armamento pesado. O capitão disse que muitos homens estavam encapuzados ou de posse de materiais que seria usados para efetuar o arrombamento das agências bancárias, motivos pelos quais ele acreditava se tratar de bandidos.

Os doze policiais militares estão suspensos de suas funções, enquanto a investigação é concluída. A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) investiga a responsabilidade dos agentes de segurança nas mortes. O Ministério Público do Ceará (MPCE) acompanha e fiscaliza as investigações. O laudo pericial da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) ainda está sendo elaborado, já tendo ultrapassado os dez dias previstos no prazo inicial.

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