Na manhã nublada e agradável deste domingo, 6 de janeiro, quando se
celebra Dia de Santos Reis, no sítio Aroeira, zona rural de Orós, um grupo de
agricultores e de incentivadores da cultura popular de observação sobre chuvas
mantém viva a tradição de apresentar previsões sobre o inverno que se aproxima.
Reunidos sob a sombra de um pé de cajarana, os participantes do
encontro trocam experiências e falam sobre a possibilidade ou não de chuva para
este ano. Os chamados profetas populares vêm da região Centro-Sul do Ceará e
também do Sertão Central.
Cada participante traz o seu relato, a sua experiência. O sertanejo
depende da chuva para plantar e para ter água de beber e matar a sede dos
animais. Depois de sete anos seguidos de chuva abaixo da média, nessa época do
ano, os olhos estão voltados para o céu, para as plantas e para a natureza. É
tempo de observação e de troca de conhecimento popular entre os agricultores.
No sítio Aroeira, zona rural de Orós, o Encontro dos Guardadores de
Experiências Populares de Chuva e de Sementes no Sertão é realizado sempre no
Dia de Reis.
O autor do projeto é o poeta e músico, Zé Vicente, que avisa: “Não é
uma reunião de profetas, mas de guardadores de experiências populares, para
manter viva a história, o costume do sertanejo, a preservação ambiental. Aqui
ninguém se preocupa se erra ou acerta”.
Bom inverno - A maioria dos profetas/agricultores que
participaram do encontro disse acreditar que o inverno que se aproxima
(fevereiro a maio) será melhor do que o ano passado: José Ferreira, Antônio
Alcântara, José Santana, Raimundo Landim, José Nilson Oliveira, Fátima Lima e
Maria Venâncio mostram-se confiantes.
Já Francisco Victor de Araújo, João Soares, Ésio Barros e Hélder
Cortez, que acompanha os encontros em cidades do Interior, esperam chuvas
abaixo da média.
Os agricultores profetas observam plantas, comportamento de animais,
estrelas, lua e o vento Aracati e assim mantêm a cultura e a tradição do sertão
nordestino.
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