Com as duas mãos na cabeça e ajoelhada, gritando ao lado do esposo.
Desde ontem, circula nas redes sociais cenas de uma mulher, nesta posição,
sendo agredida com movimentos similares aos feitos com uso de um
"chicote". No vídeo, dois policiais participam da investida. Um bate na
vítima enquanto o outro acompanha, com olhar atento, a ação do colega de
trabalho.
O crime protagonizado por um policial militar fardado aconteceu na
noite do último domingo, durante abordagem no bairro Lagamar, em Fortaleza. Segundo
a mulher, que não quer ser identificada temendo represálias, ela e o esposo
foram surpreendidos por uma viatura, enquanto saíam de um posto de
combustíveis.
"Pararam a gente, mandaram
ficar de joelhos e começaram a chamar de vagabundo. Puxaram meu cabelo, me
chamaram de vagabunda e disseram que eu não prestava para nada. Meu nome é
limpo. Todo mundo viu que foi covardia. Eles ficaram agredindo uns 30 minutos e
dizendo: isso é para vocês aprenderem a não passar por aqui. Não era para ele
ter feito isso. Foi uma abordagem totalmente errada", detalhou a vítima.
Segundo moradores que presenciaram o ocorrido, duas composições
patrulhavam no Lagamar naquela noite. O policial flagrado agredindo a mulher
teria ordenado parar um pré-Carnaval que acontecia no local e começado a
ameaçar populares.
"A gente só queria se
divertir. Falaram que iam atirar, que ali só tinha vagabundo. Estava cheio de
pai de família, cheio de criança, e mesmo assim eles nem se importaram,
quebraram várias coisas. A moça que foi agredida só estava de passagem, nem
participava da festa. Eles pediram para parar o carro e um policial ficou
procurando alguma coisa no chão. Quando achou um fio começou a tacar nela. Eles
viram que tinha gente filmando e mandavam parar. Pensam que só porque estão
dentro da favela, só tem vagabundo", falou uma moradora.
Segundo um morador, se a ordem era acabar com o Pré-Carnaval, qual
razão de após terem conseguido o fim da festa, continuarem com as ameaças. "O
serviço deles não era para torturar. Estavam fardados e deviam proteger. Foi
muito desrespeito e não é a primeira vez que quem mora aqui sofre com
isso".
Apuração - Por nota, a Polícia Militar do Estado do
Ceará (PMCE) disse lamentar a agressão e não compactuar com "qualquer ação
policial que vá de encontro aos direitos e garantias fundamentais do cidadão e
que se pauta, dentre outros, pelo princípio da legalidade e da
impessoalidade".
De acordo com o órgão, qualquer ação dos membros que "porventura
destoe dessas diretrizes são repudiadas e devidamente apuradas por esta
Corporação, ocasião em que é dado aos acusados a oportunidade do contraditório
e ampla defesa".
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e
Sistema Penitenciário (CGD) se pronunciou afirmando já ter determinado a
instauração de investigação preliminar para apurar o fato na seara
administrativa. Conforme a CGD, a apuração na esfera disciplinar tem finalidade
de, por meio da averiguação das circunstâncias, indícios de autoria e
materialidade, dar subsídios a procedimentos administrativos disciplinares
posterior.
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