Correria até as cadeias públicas do Estado em Quixeramobim e Quixadá e
muito choro foi o que se viu de familiares de presidiários nas portas dessas
duas unidades. O motivo foi a transferência surpresa de 73 internos de
Quixeramobim e mais 26 de Quixadá para as Casas de Privação Provisória de
Liberdade (CPPLs) na região metropolitana de Fortaleza. Outros 36 já haviam
sido recolhidos de Quixadá.
A Secretária de Administração Penitenciária do Ceará (SAP) não tem
divulgado as transferências, mas fontes da pasta informaram tratar-se do
reordenamento determinado pelo secretário Luís Mauro Albuquerque Araújo. Além
de sanar a superlotação a medida visa desarticular o crime organizado dentro
dos presídios espalhados pelo Interior.
Ordens de assassinatos - No início da semana foi a Polícia Civil
quem realizou uma vistoria surpresa na cadeia pública de Quixeramobim. Contando
com o apoio de equipes do Batalhão de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas
(Raio) e do Comando Tático Rural (Cotar) a inspeção foram encontrados mais de
um quilo de drogas e 10 telefones celulares. A Polícia investiga se ordens de
assassinatos estariam partindo de dentro das celas.
Ainda de acordo com os levantamentos feitos, em Quixeramobim restaram
apenas 12 detentos. Nessa cadeia estão sendo recebidos apenas presidiários em
regime aberto e semiaberto. Essa também é a situação de Quixadá. As visitas
habituais estão sendo encerradas. Com a mudança, o tráfico e outros crimes
praticados atrás das grades estão sendo interrompidos. Essa estratégia está
sendo aplicada em várias cadeias em condição precária de funcionamento
espalhadas pelo Estado.
Perigo urbano - As cadeias de Quixadá e de Quixeramobim
ficam localizadas em áreas residenciais. Ao lado da primeira funcionam duas
escolas públicas. Uma rua lateral precisa ficar constantemente interditada para
evitar o arremesso de drogas, celulares e até arma de fogo para o pátio, apesar
de ter sido instalada uma tela de proteção.
Na cidade vizinha a unidade correcional do Estado tem um hotel como
limite de área e há ainda residências. Com a transferência da maioria dos
presos os moradores e funcionários do estabelecimento hoteleiro ficaram
aliviados. Apear de não terem ocorrido mais rebeliões, a tensão era constante.
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