PM e motorista discutiam em posto
de combustíveis, quando houve a intervenção policial
A discussão que terminou com uma intervenção policial e um PM de folga
baleado, em Paracuru, apresenta várias versões e nenhuma explicação oficial. A
namorada do soldado Diego Mendes Barroso, testemunha do fato, afirmou que os
policiais do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas
(CPRaio) atiraram "sem verbalizar".
Diego se envolveu em uma discussão com o motorista de aplicativo Rômulo
Marques dos Santos, durante uma festa de Carnaval na Praça do Farol, em
Paracuru, no dia 4 de março deste ano. Na madrugada do dia seguinte (5), os
dois homens se reencontraram em um posto de combustíveis e voltaram a se
desentender.
"O Rômulo ficou xingando o Diego, que ficou se afastando. O pai do
Rômulo gritou 'eu vou chamar a Polícia'. E o Diego falou: 'eu sou policial'. Então, o Diego colocou a mão na cintura. A arma
estava dentro do coldre, dentro do short. O pai do Rômulo começou a gritar: 'Polícia, vai matar meu filho",
conta a namorada do soldado, que não quis se identificar.
Uma composição da Polícia Militar se encontrava nas proximidades do
estabelecimento e prontamente chegou ao local. "Nisso, os policiais do
Raio já atiraram, não verbalizaram de forma nenhuma. Deram quatro disparos.
Dois pegaram do lado direito do Diego, um no braço direito e outro nas costas.
Para mostrar que o Diego de nenhuma forma se virou para os policiais do
Raio", detalha.
A mulher afirma que teve que interferir para evitar que o namorado
fosse morto. "Ele caiu, foi quando
eu interferi, fui pra cima dele e gritei que ele é policial. Um amigo dele
tirou a carteira funcional dele e apresentou. E eles (policiais do CPRaio) ficaram desesperados, viram que tinham
feito besteira, perguntaram por que ele não se apresentou. Mas como ele ia se
apresentar, se não deu tempo", questiona.
Uma ambulância passava pela região e atendeu a ocorrência. Diego foi
levado ao Hospital Municipal de Paracuru e, depois, transferido para o
Instituto Doutor José Frota (IJF), em Fortaleza, através de uma aeronave da
Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer). De acordo com a
namorada, o PM teve que passar por reanimação e cirurgias e, agora, se encontra
em um quadro estável.
Policial que atirou apresentou
outra versão - A versão da
namorada do PM baleado distoa da versão da equipe do CPRaio que atendeu a
ocorrência. Após o tiroteio e o socorro do homem ferido, os policiais se
apresentaram à Delegacia Municipal de Paracuru, da Polícia Civil, e prestaram
depoimento.
"Segundo o policial militar que efetuou os disparos, ele deu a voz
de parada para que o Diego largasse a arma, mas ele não atendeu, razão pela
qual ele foi obrigado a efetuar os disparos para tentar conter aquela atitude.
Logo após ele ter caído, foi que se identificou como policial militar",
informou o delegado plantonista Francisco Braúna.
O caso é investigado pela Polícia Civil na esfera criminal. Em nota
emitida na última terça-feira (12), a Controladoria Geral de Disciplina dos
Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) informou que também determinou
a instauração de investigação preliminar para apuração na seara administrativa.
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