Na madrugada de 12 de novembro de
2015, 11 pessoas foram mortas no Curió
O Diário Oficial do Estado do Ceará publicou em sua edição da última quinta-feira
(11), o afastamento das funções de atividades de rua de nove policiais
militares que estão sendo processados como envolvidos na “Chacina do Curió”,
crime que deixou 11 mortos entre a noite de 11 e a madrugada de 12 de novembro
de 2015. Por decisão da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos da
Segurança Pública e do Sistema Penitenciário (CGD), os PMs se limitarão a
exercer trabalho dentro dos quartéis e
estão proibidos de usar armas de fogo. Todos já foram pronunciados pela
Justiça e, portanto, serão levados a julgamento.
Os militares afastados das
funções policiais, de acordo com a decisão da CGD publicada pelo Diário oficial
são: Gerson Vitoriano Carvalho (soldado), Josiel Silveira Gomes (soldado),
Thiago Veríssimo Andrade Batista de Moraes (soldado), Maria Bárbara Moreira
(sargento), Francisco Helder de Sousa Filho (sargento), Igor Bethoven Sousa
Oliveira (soldado), Gildácio Alves da Silva (cabo), Daniel Fernandes da Silva
(cabo) e Luís Fernando de Freitas Barroso (soldado).
De acordo com o documento, os nove PMs teriam tido envolvimento na
chacina , conforme foi apurado pela Delegacia de Assuntos Internos (DAI) da
Controladoria, ratificado em denúncia do Ministério Público e confirmado
através da sentença de pronúncia elaborada pelo juiz da 1ª Vara do Júri de
Fortaleza, que levará os militares ao banco dos réus em julgamento com data
ainda a ser marcada pela Justiça.
Omissão - De acordo com a sentença de pronúncia (que
determina o julgamento dos réus), os policiais militares Josiel Silveira Gomes,
Gerson Vitoriano Carvalho e Tiago Veríssimo Andrade Batista de Moraes deixaram
propositadamente de socorrer cinco das 11 pessoas baleadas durante a chacina e
estas acabaram morrendo. Os PMs estavam de serviço numa patrulha e, por volta de 0h52 do dia 12, passaram pela
Rua Lucimar de Oliveira, no bairro Curió, quando se depararam com cinco pessoas baleadas no chão.
As vitimas foram identificadas como Antônio Álisson Inácio Cardoso,
Jardel Lima dos Santos, Pedro Alcântara Barroso do Nascimento Filho, Alef Souza
Cavalcante e Cícero de Paulo Teixeira Filho, que acabaram morrendo. Além de não
parar para socorrer os feridos, os PMs não realizaram as diligências
necessárias para interceptar um veículo Golf, cinza, onde estariam os
atiradores.
Já os militares Luís Fernando de Freitas, Gildácio Alves da Silva e
Daniel Fernandes da Silva são acusados, de acordo com a pronúncia, de terem
escoltado um comboio de veículos onde estavam os assassinos. Os militares
ocupavam a viatura RD-1301 (do Ronda do Quarteirão) e estavam à frente de uma
fila de veículos particulares (entre eles uma Hilux de cor escura). Era por
volta de 23h56 do dia 11, quando o comboio “puxado” pela viatura policial
seguiu até as ruas Aurino Colares e Paulo Freire. No local, atiradores mataram
quatro adolescentes e deixaram outro baleado.
Torturas - Em relação aos policiais militares Maria
Bárbara Moreira, Francisco Helder de Sousa Filho e Igor Bethoven Sousa
Oliveira, integrantes de uma equipe de Inteligência, estes teriam, conforme a
pronúncia, torturado física e psicologicamente as pessoas de Camila Silva
Chagas, João Batista Macedo Vieira Filho e Vitor Assunção Costa para que estas
lhes fornecessem informações acerca de quem teria assassinado o soldado PM
Serpa naquela noite, fato que teria causado a chacina no Curió. Segundo a
investigação, os PMs usaram de “castigo pessoal” contra as vítimas,
causando-lhes lesões corporais de natureza grave para que apontassem o matador
do soldado Serpa.
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