sábado, 13 de abril de 2019

PEDOFILIA EM OCARA - Homem é preso por 3 casos de abuso sexual - Polícia investiga mais 19 denúncias

Escândalo de pedofilia é investigado em Ocara
Escândalo de pedofilia é investigado em Ocara

O município de Ocara, na região do Maciço de Baturité, está diante de um escândalo local sem precedentes e ainda tratado com reservas pela população. Hoje faz dez dias que o vendedor autônomo Gilberto Pereira de Oliveira, de 48 anos, foi preso preventivamente. Ficou cinco dias mantido na Cadeia Pública de Baturité e, desde a última terça-feira, após a audiência de custódia, foi transferido para a Cadeia de Caridade, no Sertão Central. Ele é acusado formalmente em três casos de abuso sexual contra crianças da cidade. Uma delas agora já é adulta, outra adolescente e uma tem cinco anos de idade. Os processos estão abertos na Comarca de Ocara e tramitam sob segredo de justiça. Há, no entanto, a indicação de que Gilberto possa ser acusado por outras situações do mesmo crime.
Novas investigações realizadas pela Polícia Civil, com o acompanhamento do Ministério Público e do Conselho Tutelar, estão considerando que Gilberto pode estar envolvido em pelo menos outros 19 casos semelhantes. Envolveriam meninas e meninos e teriam sido supostamente cometidos ao longo de uma década ou mais. A acusação é de estupro de vulnerável (artigo 217-A, do Código Penal Brasileiro, "manter relação sexual ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos"). É considerada violência presumida, independe de culpa ou dolo e o crime é imputado mesmo se a relação for consentida.
Estes 19 casos a mais ainda dependem de formalidades. Foram levantamentos feitos na região onde o acusado teria molestado mais crianças. "Do que a gente sabe, o perfil das vítimas seria de crianças de cinco a 12, 13 anos. De ele agradar, chamar para sair, ser amigável com as crianças e tentar acariciar e cometer atos libidinosos e depois constranger", detalhou um dos conselheiros tutelares de Ocara, que pediu para não ser identificado. "As pessoas ainda estão sem coragem", reforça.
É um caso cercado de silêncios. Algumas dessas novas supostas vítimas hoje são maiores de idade e teriam evitado denunciar por medo de exposição e até possíveis retaliações. Após a prisão, pelo menos mais duas famílias já teriam procurado a Delegacia de Ocara se dispondo a relatar acusações contra o vendedor. Os depoimentos, porém, ainda não foram colhidos porque precisam ter o acompanhamento obrigatório de psicólogo e assistente social nas oitivas de crianças e adolescentes. Desde a última terça-feira, "Beto", como é conhecido, foi levado para a Cadeia Pública de Caridade, no Sertão Central. A transferência também teria sido por medida de segurança.
As três histórias que levaram à prisão de Gilberto são de dois episódios antigos e de um mais recente: um aconteceu em 2010, contra uma menina à época com 11 anos de idade; outro caso foi em 2013, contra um menino então com dez anos; e o abuso a mais uma menina, a que hoje tem cinco anos de idade, foi denunciado em dezembro do ano passado.
Renan Peixoto, delegado responsável pela Polícia Civil em Ocara e Barreira, cidade vizinha, disse que assumiu o cargo há somente 20 dias e ainda não pode esclarecer porque os casos, com denúncias que remetem a fatos de quase dez anos, não tiveram andamento à época.
Durante a audiência de custódia, na terça-feira, ele negou as acusações diante do juiz Lucas Medeiros, que responde pela comarca de Ocara. Teria respondido friamente, sem ênfase a sua inocência. Perguntou para qual presídio seria levado, se poderia manter sua medicação regular na cela, indicou nomes que poderiam visitá-lo. Se condenado por estupro de vulnerável, ele pode responder por pena que vai de oito a 15 anos para cada caso que seja confirmado contra ele.

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