Testemunham relatam que ouviram o
jovem gritar por socorro: 'eles vão me matar' - Polícia Militar do Ceará afirma
que jovem foi abordado, revistado e liberado em seguida
Anderson Henrique da Silva
Rodrigues está desaparecido desde 11 de junho - Mãe denuncia que garoto foi
assassinado
Por volta das 11h de 11 de junho de 2019, há quase uma semana, Anderson
Henrique da Silva Rodrigues ia até uma mercearia em Horizonte, na Região
Metropolitana de Fortaleza (RMF). No estabelecimento, o jovem de 20 anos foi
abordado por policiais militares, que chegaram o chamando de vagabundo e
desferindo tapas.
A versão contada por testemunhas que presenciaram a ação é o início de
um episódio que possivelmente terminou com a morte de Anderson, de acordo com
quem viu o momento e familiares que foram informados acerca do relato.
Da mercearia, o jovem teria sido levado até a sua residência, também em
Horizonte, onde os vizinhos viram PMs entrarem na casa e lá permanecerem por
cerca de duas horas. Durante este tempo, conforme testemunhas que prestaram
depoimentos à Polícia Civil, foram ouvidos gritos como "socorro, eles vão me matar".
Testemunhas também contaram ter visto os policiais colocando a vítima
desacordada dentro de uma viatura. Desde então, ninguém teve mais notícias
acerca do paradeiro de Anderson Henrique.
Familiares de Anderson
encontraram móveis da casa destruído no dia em que ele desapareceu
A Polícia Militar do Estado do Ceará (PMCE) afirmou, por nota, que
Anderson Henrique foi abordado por uma composição policial do Comando de
Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio), no dia 11,
aproximadamente ao meio-dia, em Horizonte. De acordo com a corporação, durante
a abordagem houve consulta aos antecedentes criminais de Anderson e verificado
que ele tinha passagens por receptação, desobediência e porte ilegal de arma de
fogo.
Na nota, a Polícia Militar esclareceu que dada a "expressividade
de procedimentos" que Anderson respondia e por ele ter dito aos servidores
que pertencia a uma facção criminosa, os militares decidiram realizar uma busca
minuciosa no entorno do local onde aconteceu a abordagem.
Nada de ilícito foi encontrado com o jovem e, segundo a Polícia
Militar, Anderson foi liberado. A equipe policial retornou ao patrulhamento de
rotina. Ainda segundo a PMCE, não houve invasão à residência e será instaurado
um procedimento administrativo para apurar a denúncia da mãe.
Maria Cristiane da Silva Leitão, mãe de Anderson, afirmou não acreditar
na versão da Polícia Militar. Pedindo por Justiça e pelo direito de enterrar
seu filho com dignidade, a mulher diz que devido ao tempo desaparecido, o filho
já está morto. Em um dos boletins de ocorrência registrado relatando a
abordagem dos policiais, uma testemunha revelou ter presenciado o início das
agressões.
"Eu vi que os policiais foram muito rudes com ele. Puxaram,
bateram, deram dois tapas no rosto do rapaz, usaram spray de pimenta, deram
chutes, e tudo isso sem o rapaz reagir. Ele ficou parado. Não fez nada contra
os policiais. O Raio já chegou dizendo: encosta, vagabundo", disse um
homem, sob a condição de não ser identificado, temendo represálias. Em outro
boletim, uma pessoa detalhou a abordagem.
Boletim de ocorrência registra
sumiço de jovem após abordagem policial
A mãe de Anderson pede respostas e que o caso não caia no esquecimento.
Para ela, "está claro que a Polícia matou Anderson". Aline Sinara de
Sousa, namorada de Anderson, também não acredita que o companheiro tenha sido
liberado pelos policiais. Sinara recorda que no início da tarde do dia 11
recebeu ligação dos vizinhos do namorado pedindo que ela fosse às pressas até a
casa dele.
"Cheguei na casa e estava tudo quebrado. Eles mataram, com certeza.
Eu quero Justiça. Quero o corpo dele e vou até o fim", disse Sinara. A
ocorrência também chegou ao conhecimento da Controladoria Geral de Disciplina
dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD). De acordo com a
pasta, foi instaurada investigação preliminar para apuração dos fatos e, caso
comprovados, "podem resultar em processo administrativo disciplinar".
Anderson Henrique da Silva
Rodrigues está desaparecido desde 11 de junho, após abordagem policial
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