Professor que dá aula de informática
em presídio de Juazeiro do Norte agradeceu carta e presentou o interno que se
declara 'amante das letras'
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Detento escreve em papel
higiência poema e carta com pedido de papel e caneta
Um dos detentos da Penitenciária Industrial Regional do Cariri (Pirc),
em Juazeiro do Norte, na qual o professor Ciswal dos Santos ministra aulas de
informática, surpreendeu o educador com um pedido inusitado. O preso escreveu
uma carta com um poema e a seguinte mensagem: “peço que, se der, mande-me um
caderno e uma caneta”.
O professor, que foi selecionado para estudar em uma das mais
prestigiadas instituições de ensino do mundo, a Universidade de Harvard, nos
Estados Unidos, conta que recebeu o bilhete, escrito em um pedaço de papel
higiênico, e o colocou dentro do notebook. "Nem abri na hora. Quando
cheguei em casa, fui ver o que era aquilo e fiquei assustado com o que tinha na
carta”, lembra.
Na mensagem, o detento afirma que é um "amante das letras" e
ama escrever poesias para espalhar beleza entre "quem os toque".
“Vi um texto enorme e uma poesia. O que mais me surpreendeu não foi nem
o fato de ter escrito no papel higiênico, foi o pedido dele. Na carta ele pedia
um caderno e uma caneta. Segundo ele isso seria uma forma de se libertar. Seria
um raio de luz para se libertar daquela escuridão que ele estava vivendo ali
dentro”, recorda o professor.
O pedido foi atendido. No dia seguinte, Ciswal levou canetas e um
caderno para seu aluno. Na primeira página da caderneta, o professor escreveu
deixou mensagens de incentivo ao detento. “Espero um dia comprar um livro
escrito por você, meu amigo”, escreveu o educador.
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Segunda chance - Ciswal dos Santos, além de ensinar em um
colégio no município e em escolas de ensino técnico da região, leciona desde 10
de junho na penitenciária, pelo projeto "Sou Capaz". "Percebi com
essa carta que mesmo nesse submundo da escuridão em que esses homens vivem,
existe luz. Só precisa que alguém estenda a mão e mostre o caminho de uma vida
nova e totalmente renovada".
O professor dá aula para 42 alunos da penitenciária sobre montagem e
manutenção de computadores. Para chegar aos detentos, ele teve que adaptar suas
aulas para um ensino mais lúdico e simbólico. Atualmente, ele revela que 90%
dos alunos sabem desmontar um computador, formatar, instalar software e fazer
reparos eletrônicos.
Sobre o pedido, o jovem que nasceu em Pernambuco e veio para o Ceará
aos 12 anos, ressaltou ser "gratificante". "É a prova de que
somos capazes de mudar. Quero provar que realmente através da educação somos
capazes de fazer essa mudança no destino do nosso Brasil".
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