Janicleia Soares escolheu ser
advogada em busca de justiça pela morte do pai, quando tinha 14 anos
Uma baiana de Curaçá, no norte do estado, teve o pai assassinado em
1996, quando tinha 14 anos, se formou em Direito, virou advogada e, na última
terça-feira (27), mais de 20 anos depois, atuou no julgamento que condenou o
homem acusado pelo crime.
Após a sentença, que condenou Adão Gonçalves da Silva a 16 anos e
quatro meses de prisão em regime fechado, Janicleia de Souza Soares revelou que
havia prometido diante do caixão do pai que iria em busca do homem apontado
pelo homicídio.
"A promessa que eu fiz no
dia da morte dele, no caixão dele, de que a pessoa que cometeu aquele crime
iria pagar, iria ser condenado... E ele foi condenado apesar do tempo. Mas a
sensação não poderia ser melhor, uma das melhores noites que tive de sono.
Botei a cabeça no travesseiro em paz", disse a advogada, que no júri atuou
como assistente de acusação.
Jaime Barbosa Soares foi assassinado com um tiro no rosto. Ele tinha 44
anos. Adão Gonçalves da Silva era funcionário da vítima e suspeitava de um
envolvimento de Jaime com a filha dele, uma adolescente, o que teria motivado
do crime. Após a morte de Jaime, Adão fugiu e nunca mais foi visto em Curaçá.
Busca por Justiça - Janicleia se formou em Direito em 2012. No
ano seguinte, ela procurou o Ministério Público da Bahia (MP-BA) para saber
sobre o processo criminal envolvendo o pai. Na ocasião, ela descobriu que
depois de tantos anos, o prazo para julgamento não tinha vencido, porque o
suspeito sequer tinha sido ouvido pela polícia.
Diante da situação, a advogada se habilitou como assistente de acusação
no MP-BA.
Ela conta que há 23 anos a saudade acompanha ela e a família. Além de
Janicleia, Jaime Barbosa Soares deixou esposa e outros dois filhos.
Com a perda precoce do pai, Janicleia conta que nasceu nela o desejo
por justiça e, para não deixar o caso impune, ela decidiu se formar em Direito.
A advogada estudou em Belém do São Francisco, em Pernambuco.
Já em 2014, um ano após ela começar a atuar no caso, um mandado de
prisão foi expedido. O nome do acusado, que até então estava foragido, foi para
o banco nacional de dados para facilitar a localização dele e, em 2017, o
suspeito foi preso na cidade de Ipameri, em Goiás. No ano seguinte, ele foi
transferido para o presídio de Juazeiro, no norte da Bahia.
Adão ficou à disposição da Justiça entretanto, para a advogada, faltava
o capítulo mais importante da história: o julgamento do homem apontado por
matar o pai dela.
No julgamento da última terça-feira, o salão do júri ficou lotado.
Muita gente acompanhou o desfecho do crime que aconteceu há mais de 20 anos.
Familiares usaram camisas com a foto da vítima e cobraram justiça.
Após a condenação, Adão Gonçalves da Silva seguiu para o presídio
Juazeiro.
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