Interceptações telefônicas
mostraram que os investigados conversaram sobre a possibilidade de realizar
ações para "parar o Brasil"
Marcola cumpre uma pena total de
330 anos de prisão
Uma investigação do Ministério Público do Ceará (MPCE) descobriu que
integrantes de uma facção pretendiam realizar ações criminosas no estado em
represália à transferência de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado
como chefe máximo do grupo.
Marcola estava recolhido na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, em
São Paulo, ao lado de outros integrantes da cúpula da facção criminosa, que tem
atuação nacional. Ele foi transferido para a Penitenciária Federal de Porto
Velho, em Roraima, em 13 de fevereiro deste ano, para cumprir a pena em Regime
Disciplinar Diferenciado (RDD), isolado de outros internos. Dois meses depois,
foi enviado à Penitenciária Federal de Brasília, no Distrito Federal.
A transferência do número 1 do grupo fez com que faccionados de vários
estados, inclusive do Ceará, planejassem ações criminosas.
Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça mostraram que os
investigados conversaram sobre a transferência de Marcola e a possibilidade de
um "salve" da facção para que fossem realizadas ações para
"parar o Brasil".
Em um áudio, um suspeito afirma que a facção pediu a
"sintonia" (adesão) de todos os membros no plano criminoso, que é
necessário realizar um cadastro, e acrescenta que a organização visa a integridade
dos "irmãos" (integrantes).
Mandados de prisão - A partir dessas e outras informações, o
Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do
MPCE, solicitou a prisão preventiva de 18 acusados, e a Vara de Delitos de
Organizações Criminosas do Ceará concedeu os mandados.
A quadrilha é suspeita de envolvimento com os crimes de tráfico de
drogas, associação para o tráfico, comércio de armas de fogo, homicídios e
ataques a agentes e prédios públicos na Capital, na Região Metropolitana de
Fortaleza (RMF) e no interior do Ceará.
A maioria dos investigados na Operação Jericó já tinha passagens pela polícia.
Chefe máximo - Marcola cumpre uma pena total de 330 anos
de prisão. A transferência dele e de mais 21 membros da facção para presídios
federais foi motivada pela descoberta de planos de fuga dos chefes do grupo
criminoso e de assassinato do promotor de Justiça Lincoln Gakiya, que atua no
combate à organização criminosa em São Paulo.
No Ceará, Marcola responde a um processo por um roubo, ocorrido no ano
2000. Cerca de R$ 1,4 milhão foi levado da empresa Nordeste Segurança de
Valores (NSV), em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza. A ação penal
contra o chefe da facção ainda não foi julgada e está próxima de completar 20
anos e prescrever.
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